Se você quer saber se o fungo Cordyceps, de The Last of Us é real e existe mesmo, veio ao local certo!
O jogo e sua adaptação para a televisão são obras de ficção que retratam um cenário pós-apocalíptico causado por uma pandemia de um fungo parasita que infecta os seres humanos e os transforma em criaturas violentas e canibais.
Embora ambos sejam obras de ficção, 0 fungo é inspirado em um gênero real de fungos chamado Cordyceps, que tem a capacidade de invadir o corpo de insetos e artrópodes e manipular seu comportamento. Neste texto, vamos analisar as principais diferenças entre o fungo real e o fictício.
O ciclo de vida do fungo real
O gênero Cordyceps compreende mais de 400 espécies conhecidas, cada uma delas especializada em parasitar uma espécie específica de hospedeiro. O ciclo de vida desses fungos envolve as seguintes etapas:
- Os esporos do fungo são liberados no ambiente e podem ser inalados ou ingeridos pelos insetos ou artrópodes alvos.
- Os esporos germinam no interior do hospedeiro e começam a se alimentar dos seus tecidos internos, formando uma rede micelial que se espalha pelo corpo.
- O fungo produz substâncias químicas que afetam o sistema nervoso do hospedeiro, alterando seu comportamento. O hospedeiro passa a se locomover para locais mais altos e expostos, onde fica mais vulnerável aos predadores.
- O fungo rompe a cutícula do hospedeiro e forma um corpo frutífero (uma estrutura reprodutiva) que pode ter formas variadas dependendo da espécie do fungo. Esse corpo frutífero libera novos esporos que podem infectar outros hospedeiros nas proximidades.
Esse ciclo de vida tem como objetivo garantir a dispersão dos esporos do fungo e também controlar a população dos hospedeiros, evitando que eles se tornem superpopulosos ou dominantes no ecossistema2.
O ciclo de vida do fungo fictício
No jogo The Last of Us da Naughty Dog e na série homônima da HBO Max, o fungo responsável pela pandemia é chamado CBI (Cordyceps Brain Infection), uma variação fictícia do gênero Cordyceps que consegue infectar os seres humanos. O ciclo de vida desse fungo envolve as seguintes etapas:
- Os esporos do fungo são liberados no ambiente e podem ser inalados pelos seres humanos ou transmitidos pelo contato com sangue ou saliva dos infectados.
- Os esporos germinam no interior do hospedeiro humano e começam a se alimentar dos seus tecidos cerebrais, formando uma rede micelial que se espalha pelo crânio.
- O fungo produz substâncias químicas que afetam o sistema nervoso do hospedeiro humano, alterando seu comportamento. O hospedeiro perde sua racionalidade e personalidade, tornando-se agressivo e canibal. Ele também passa a emitir sons estridentes para atrair outros humanos para perto dele.
- O fungo rompe o crânio do hospedeiro humano e forma um corpo frutífero (uma estrutura reprodutiva) que pode ter formas variadas dependendo do estágio da infecção. Esse corpo frutífero libera novos esporos que podem infectar outros humanos nas proximidades.
O ciclo de vida desse fungo tem como objetivo garantir a sobrevivência e a disseminação do fungo e também eliminar os humanos, que são considerados uma ameaça ao ecossistema.
O jogo e a série mostram diferentes estágios da infecção pelo fungo fictício, que variam de acordo com o tempo de exposição e a gravidade dos sintomas. Os principais estágios são:
- Corredores: Estágio inicial da infecção. Após entrar em contato com o Cordyceps, gradualmente a pessoa infectada manifesta os primeiros sintomas. Nesta fase, o fungo já se alastrou internamente pelo corpo, mas ainda não dominou completamente o hospedeiro. Os corredores são mais rápidos (daí o nome) e costumam andar em bando. Eles ainda mantêm grande parte de sua aparência humana, apenas com alguns pontos do corpo deixando à vista o fungo. Este estágio acontece aproximadamente entre um e dois dias de infecção.
- Estaladores: Estágio intermediário da infecção. Depois de um ano, os infectados passam para o terceiro estágio de infecção, onde passam a ser chamados de Estaladores. Nessa fase, o fungo já se espalhou por boa parte do corpo, se expandindo inclusive para fora da cabeça do hospedeiro, que dessa forma perde a visão. Os Estaladores usam um sistema de ecolocalização para se orientar e localizar suas presas. Eles fazem barulhos característicos (daí o nome) ao estalar as placas fúngicas que cobrem seu rosto. Eles são mais lentos que os Corredores, mas mais fortes e resistentes.
- Espreitadores: Estágio avançado da infecção. Depois de dez anos ou mais, os infectados passam para o quarto estágio de infecção, onde passam a ser chamados de Espreitadores. Nessa fase, o fungo já cobriu quase todo o corpo do hospedeiro com placas fúngicas duras e pontiagudas que funcionam como armadura natural. Os Espreitadores têm uma aparência monstruosa e deformada e são extremamente agressivos e perigosos. Eles não fazem barulhos como os Estaladores e preferem se esconder nas sombras ou atrás dos objetos para atacar suas presas por surpresa (daí o nome). Eles também podem liberar esporos venenosos pelo ar quando estão feridos ou mortos.
- Bloaters: Estágio final da infecção. Depois de vários anos ou décadas (dependendo das condições ambientais), os infectados passam para o quinto e último estágio de infecção,onde passam a ser chamados de Bloaters. Nessa fase, o fungo já cobriu todo o corpo do hospedeiro com placas fúngicas grossas e pontiagudas que funcionam como armadura natural. Os Bloaters têm uma aparência monstruosa e deformada e são extremamente agressivos e perigosos. Eles são mais lentos que os outros estágios, mas muito mais fortes e resistentes. Eles podem arremessar sacos de micotoxina, que explodem ao impacto, liberando uma nuvem venenosa que danifica a saúde dos humanos. Eles também podem liberar esporos venenosos pelo ar quando estão feridos ou mortos.
As diferenças entre o fungo real e o fictício
Como podemos ver, há muitas diferenças entre o fungo real Cordyceps e o fictício CBI. Algumas das principais são:
- O fungo real infecta apenas insetos e artrópodes, enquanto o fictício infecta os seres humanos.
- O fungo real tem centenas de espécies diferentes, cada uma adaptada a um hospedeiro específico, enquanto o fictício parece ser uma única espécie capaz de infectar qualquer humano.
- O fungo real controla o comportamento do hospedeiro para levá-lo a um local mais alto e exposto, onde ele morre e libera os esporos, enquanto o fictício controla o comportamento do hospedeiro para torná-lo agressivo e canibal, onde ele vive por anos ou décadas e libera os esporos em diferentes estágios da infecção.
- O fungo real forma um corpo frutífero simples que sai da cabeça ou do corpo do hospedeiro, enquanto o fictício forma um corpo frutífero complexo que cobre todo o corpo do hospedeiro com placas fúngicas duras e pontiagudas.
- O fungo real não produz micotoxina ou esporos venenosos que possam afetar outros animais além dos hospedeiros alvos, enquanto o fictício produz sacos de micotoxina que podem ser arremessados contra os humanos não infectados e esporos venenosos que podem ser liberados pelo ar quando os infectados estão feridos ou mortos.
Essas diferenças mostram como os criadores do jogo The Last of Us se inspiraram no fungo real Cordyceps para criar um cenário pós-apocalíptico plausível e assustador. No entanto, eles também usaram muita imaginação e criatividade para adaptar as características do fungo à sua história. Portanto, não há motivo para temer que esse fungo possa infectar humanos na vida real.