Ao final da tarde de quinta feira (27/05), os 60 funcionários do canal de televisão Loading, que recentemente ocupou a frequência deixada pela MTV Brasil, foram informados que o projeto foi abortado e o canal não exibiria mais programas inéditos. Fatos anteriores apontam que os problemas da emissora existiam antes mesmo dela estrear.
Toda a comunidade jornalística focada em cultura pop e entretenimento recebeu atônita a notícia da demissão em massa realizada pela Loading e substituição dos programas em produção por reprises, deixando cerca de 60 profissionais da comunicação desempregados com a notícia abrupta, após sua curta duração de seis meses recheadas de promessas. Os problemas do canal, porém, datam de muito antes do fatídico 27 de maio de 2021.
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Após o encerramento das atividades da MTV Brasil em setembro de 2013, o grupo Abril, responsável na época pela emissora realizou a venda da frequência de televisão para o grupo Spring. Entretanto, vale ressaltar que o grupo Abril nunca foi detentor de fato do espaço utilizado pelo canal, pois trata-se de uma concessão pública do governo.
Com isso em mente, a Justiça já havia vetado esse processo de venda, obrigando os envolvidos na negociação a pagarem uma multa de 10% sobre o valor da negociação de R$290 milhões, pois havia indícios que tanto o Grupo Abril e quanto a Spring utilizaram de uma manobra para realizar a transação sem a necessidade do sinal da antiga Music Television Brasil voltar ao governo para o leilão da concessão pública, como previsto em lei.
Ambos foram condenados por danos morais, pois para que a a transação acontecesse, em vez do grupo Abril “devolver” a concessão de volta ao Estado, o grupo a alienou para o grupo Spring, em um acordão em que os dois envolvidos foram condenados pela comercialização privada de outorga de radiodifusão.
Spring já está em negociação com Igrejas neopentecostais
Segundo apurações do site TVpop, o grupo Spring já teria iniciado negociações com igrejas neopentecostais, como a Igreja Universal do Reino de Deus e a Igreja Mundial, para que elas transmitissem seus telecultos na frequência, substituindo a Loading. Há indícios de que essas negociações com as empresa evangélicas já estivessem bem avançadas desde abril de 2021, porém o vazamento das negociações acabou atrasando a venda do canal.
Desde o seu nascimento, a Loading não obteve êxito em conseguir patrocinadores além da Kalunga, que foi citada como patrocinadora da emissora, porém fazia parte do grupo diretor do canal, o que inviabilizou a continuidade do canal, pois os custos para manter a emissora no ar eram muito mais elevados que o dinheiro investido. Além disso, a própria Kalunga passou por uma grave crise financeira com dívidas que ultrapassam os R$ 400 milhões e atualmente procura um comprador.
Até o momento nem o CEO da Loading, Thiago Garcia, nem o conselho Kalunga se pronunciaram a respeito da demissão geral realizada ontem e as motivações para “tirar o canal do plug e apagar as luzes na surdina".
Fontes: TVpop