Nesta sexta-feira, 11, toda a equipe que compunha o time jornalístico de e-Sports da Loading, a Metagaming, composta por mais de 20 jornalistas, postou em suas respectivas redes sociais sobre o término do programa.

A emissora havia lançado nesta segunda-feira, 7, estreado a Metagaming com estrutura semelhante a MTV Brasil, com conteúdo voltado para partidas de League of Legends, Free Fire e jogos similares. Porém, quatro dias após a estreia, a direção tomou a decisão de demitir toda a equipe com a justificativa de divergência de ideais.

Uma das ex-integrantes da emissora, Bárbara Gutierrez, publicou em seu twitter sobre a demissão, iniciando a postagem com a frase "Liberdade editorial é essencial", possibilitando a interpretação de que a demissão teve censura como razão.

Muitos outros ex-integrantes publicaram sobre a demissão postando uma receita de bolo junto à postagem, técnica adotada por jornais na época da ditadura militar quando alguma notícia era censurada.

Uma das reportagens que haviam chamado a atenção da alta cúpula da Loading seria sobre o streamer Sparda que havia arrecadado quase R$ 200 mil em doações para procedimentos médicos de sua família, mas não indicava que o dinheiro havia sido utilizado para esse fim. Segue a postagem feita nessa segunda, 7, de um ex-integrante da Loading, Chandy Teixeira, sobre a matéria.

A NaTelinha, seção da Uol sobre programas de TV, e a The Esports Observer apuraram que além desse caso houve outro evento que não havia sido bem recebido pela emissora, sobre uma matéria focada na equipe Vivo Keyd não participar do CBLoL em 2021. Isso ocorreu em um momento que a Riot Games se encontra em discussões sobre o patrocínio da Oi, competidora da Vivo.

Não somente a Metagaming foi afetada pela demissão em massa da equipe, como a Liga Loading de E-sports sofreu um baque. O narrador Diego Toboco e os comentaristas Ravena Dutra e Gustavo Docil se pronunciaram e disseram que não irão mais narrar a competição eletrônica em solidariedade aos jornalistas que haviam sido demitidos.

Há rumores que os ex-integrantes também não haviam assinado contratos, não havendo recebido vale-transporte, vale-refeição e plano de saúde, o que mais preocupava a equipe visto que o programa é gravado sem uso de máscaras pelos apresentadores. Muitos dos ex-integrantes não residiam em São Paulo até serem chamados para participar da Loading, assim como alguns deles são estudantes em início de carreira jornalística como Maria Eduarda que possui a frase "estudante de jornalismo" em seu twitter.

"Em relação à existência ou não do contrato, é necessário averiguar se é apenas o contrato que não foi formalizado ou se a própria CTPS também não foi assinada" explica a advogada especialista em direito e processo do trabalho, Fernanda Lais, que explicou ao NerdWeek que é necessário verificar a fundo o modo como foi realizada a contração, "Isso porque a ausência do contrato de trabalho escrito, quando o regime de contratação é celetista e por prazo determinado, não interfere em nada no recebimento de salários e benefícios, mesmo porque existe a figura do contrato verbal.".

Em relação à existência ou não do contrato, é necessário averiguar se é apenas o contrato que não foi formalizado ou se a própria CTPS também não foi assinada. Isso porque a ausência do contrato de trabalho escrito, quando o regime de contratação é celetista e por prazo indeterminado, não interfere em nada no recebimento de salários e benefícios, mesmo porque existe a figura do contrato verbal. Apenas em outras modalidades de contratuais, como por exemplo, contrato por prazo determinado, contrato de experiência, contrato de prestação de serviços (o famoso PJ) é que é imprescindível a elaboração do contrato formal por escrito, pois está será a prova da exceção contratual. Agora, se além do contrato, também não houve anotação em CTPS, a coisa muda de figura, uma vez que é obrigação da empresa anotar a carteira do empregado no prazo de até 48 horas do início da admissão, sob pena de multa administrativa a ser apurada pelo extinto MTE, hoje parte do ministério da economia. Importante ressaltar que, caso o empregado tenha sido contratado a título de experiência e não assinou o contrato, que não o assine fora do prazo, tendo em vista que a partir da prestação de serviços sem esta formalização, o contrato se transformou na regra geral, portanto, por prazo indeterminado, devendo, em caso de dispensa injustificada, ser pago todas as verbas rescisórias cabíveis, incluindo aviso prévio e multa de 40% sobre o FGTS." - explica Fernanda Lais ao editorial do NerdWeek

A Loading emitiu um comunicado em seu twitter oficial, destacando que o foco da emissora é o entretenimento e agenda positiva.

A página da Metagaming não consta mais no site da Loading, tendo sido retirado do ar.