Já há mais de 20 anos meu Peavey Bandit 112 me acompanha para todos os lados.
Um amplificador extremamente versátil que apesar de já estar meio velhinho, ainda manda uma pedreira incrível. Mas depois de todo esse período já estava meio que cansado de seu som, na verdade, queria dar apimentada em nosso relacionamento, sabe um roupa nova, um presente, alguma mudança nos ares. Pensando nisso pensei em trocar a única coisa possível em sua fonte sonora sem mexer na elétrica, que seria a substituição do alto falante.
Originalmente ele possuía um falante SHFFIELD 1230 com frequência de resposta de 50Hz até 4Khz, potencia máxima de saída de 75w, trabalhando em 8Ω, que muitos consideram abelhudo e tal, mas digo que acostumei com o som dele, mas realmente havia um médio agudo um pouco demais para o meu gosto.
Procurando sobre alto falantes fui influenciado pela internet claro como a grande maioria das pessoas em pegar o Celestion Vintage 30, como se existisse apenas esse falante no mercado, eu até iria comprá-lo nem por gostar tanto dele, pois acho os G12t-75 muito mais agradáveis (na verdade todos os álbuns que eu gosto em sua maioria foram gravados com a caixa Marshall 1960a), mas como hoje em dia a maioria das pessoas tem gostado desse Vintage 30, buscava algo em torno desses dois modelos, até mesmo por usar muito a caixa para gravações de terceiros.
Quem me conhece sabe que prezo pela qualidade, mas não largo mão do custo benefício. Procurando em um site de compra online estava encontrando esses falantes com variações de preços entre R$ 800,00 a R$1.200,00, poxa podem ser ótimos falantes mas não ataquei pedra na cruz a ponto de rasgar dinheiro dessa forma, pois juntando um pouco mais consigo pegar um laney ou um peavey valveking valvulados, e se pesquisar bem consigo achar modelos mais interessantes na mesma faixa de preço.
Com isso começou a minha busca por uma empresa nacional de falantes, afinal de contas em nossa história no mercado brasileiros tivemos empresas que ainda existem como NOVIK, Bravox, Snake e a antiga Selenium que foi comprada pela Harman e hoje comercializados como JBL, que fizeram parte da vida de muitos guitarristas ou baixistas em determinado momento da história da música brasileira. Pois em um átimo fui apresentado a Voghan Speakers, vi alguns vídeos institucionais e tentei ler algumas matérias sobre seus produtos, mas não conseguia esclarecer muito sobre qual modelo escolher. Entrei em contato telefônico com eles (uma sexta-feira) e expliquei o que desejava dos falantes (sim além desse modelo adquiri um outro modelo o Lyvia), conversa vai conversa vem com o fabricante por telefone e expliquei o que desejava, um falante bem versátil, para substituição e que seria essencialmente usado no Peavey Bandit 112, mas que gravamos de tudo com ele e não desejava algo tão restrito ao ROCK. Depois dessa conversa, disse-me que o melhor para mim seria o Eleanor, porém se eu queria algo nessa onda do Vintage 30 eu deveria pegar o GLORIA, pois seria bem na onda dos falantes que eu havia dito e que em sua fabricação ele utiliza dos mesmos materiais construídos lá fora. Então com isso acabei decidindo pelo último modelo.
“ Gloria é capaz de bater de frente com os falantes mais famosos como o famoso Green Back.Para conseguir isso, reunimos o que temos de melhor no mercado mundial, capaz de competir com as maiores marcas do mercado, tendo as melhores propriedades no desenvolvimento de um novo cone Americano, bobina em kapton, capaz de suportar maior temperatura sem que perca os graves encorpados e o brilho dos agudos.Este Alto-falante possui sobre tons e características extremamente complexas, um warm low-end e uma rica mid-range, com um sutil top-end extremamente detalhado.Usado especialmente para amplificadores de boutique, podendo revelar com mais clareza os detalhes e nuances de cada marca e também revelando em gravações todos os aspectos que somente um músico com toda a sua sensibilidade poderia notar audivelmente.”
Depois de decidido qual modelo eu iria escolher claro chegou a hora de comprar, entrei em contato novamente com ele e disse que ficaria com 1 falante modelo Gloria e 1 falante modelo Lyvia. Ele informou que possuía as bobinas e cápsulas em seu estoque mas que não deixa guardados em grandes quantidades para não ter perda de material, que construiria os falantes e me mandaria o link para compra, sendo assim concretizamos tudo em 4 dias, desde a compra a entrega (na verdade os correios receberam e falaram deixa esse otário vir retirar aqui, pois não temos interesse nenhum em entregar para ele).
O produto veio uma caixa de papelão com muito isopor picado para evitar danos envolto em uma sacola protetora. Mas mesmo com toda essa proteção tomada pela empresa a lateral da carcaça veio amassado (liguei para empresa para ela abrir uma reclamação com os correios) mas o produto estava funcionando perfeitamente, então com todo o cuidado (e várias espumas) dei leves batidas para desamassar essa lateral e não danificar a pintura.
Bom como a empresa vende em seu anuncio que o falante Glória assemelhasse ao Green Back e ele disse-me que era o mais próximo ao V30 , coloquei as especificações técnicas lado a lado na tabela abaixo. (lembrando que eu não tenho esses falantes para testes de comparação)
Depois de retirado meu Sheffield 1230 começaram os trabalhos, as furações dos falantes não eram iguais, então tive que começar a quebrar a cabeça para encaixar o novo falante na caixa. Primeira coisa a fazer foi retirar o tecido ortofônico (o serviço chato), sem danificar muito sua estrutura para reaproveitá-lo e fazer novas furações para o falante Gloria, depois recolocar o tecido com grampeadores de tapeceiro e já aproveitar para fazer leves reparos na estrutura da caixa.
Para os testes gravei algumas bases no reaper sem processamento algum e posteriormente fiz o reamp dessas gravações, usando ambos os falantes para as comparações. O teste foi feito com o Peavey Bandit 112 com todas as suas configurações em 12hs (grave, médio, agudo) tanto do canal limpo quanto do sujo. Foram 4 capturas realizadas cada um com uma guitarra e um “mod” que esse amplificador permite.
O áudio foi capturado com os microfones Superlux PRA 628 MKII este situado na borda dos falantes e com o JTS PDM 57 no centro do mesmo. Ambos os sinais foram enviados para o Reaper e depois somados, e exatamente esse sinal que vocês podem ouvir no teste abaixo.
Bom os testes estão aí para vocês ouvirem, sinceramente falando existe uma diferença sim entre eles, não tão grande como eu esperava, mas existe uma boa diferença. O Sheffield 1230 ele tem um médio meio “anasalado” todavia mais volume final. O Voghan possui um médio mais agradável e uma ponta a mais de agudo (ou médio/agudo) que o sheffield não tinha, porém ele tem uma falta de graves em comparação com o outro. Na real é um falante diferente e possui uma proposta diferente do que eu já possuía, o Peavey sempre teve uma característica de versatilidade incrível, que não via em outros amplificadores transistorizados porém com aquele DNA sonoro americano. Ele continua muito versátil e mais agradável agora, claro para quem precisa de um amplificador para tocar de tudo como eu preciso, e o investimento para essa melhoria foi apenas aplicada no alto falante nacional com uma qualidade muito superior há outras marcas (vejo muito Marshall ai com som de b….).
Em suma é muito bom ver que uma empresa nacional, consegue competir com qualidade, e acabamento assim como empresas de fora, e que para ter esse seu upgrade, o gasto é ridiculamente irrisório. Recomendo bastante esse falante, e farei testes com outros modelos, assim que conseguir juntar um dinheiro para tais investimentos é claro, já que os mesmos foram comprados e não “dados” para análise, faço questão de frisar isso, pois poderia falar mal deles, mas se o fizesse estaria mentindo para mim mesmo.