Para relembrarmos este dia 5 de novembro, separamos 5 diferenças entre o filme e a HQ do mago Alan Moore!
Lembrai, Lembrai o 5 de novembro. Tanto o filme quanto a HQ de V de Vingança retratam, de certa forma, o poema britânico que remete a um personagem histórico chamado Guy Fawkes.
Fawkes participou da chamada de Revolução da Pólvora, pretendia assassinar o rei protestante Jaime I da Inglaterra e os membros do Parlamento Inglês durante uma sessão em 1605, para assim dar início a um levante católico. Guy Fawkes foi o responsável por guardar os barris de pólvora que seriam utilizados para explodir o Parlamento Inglês durante a sessão, porém o plano foi descoberto por Jaime I.
Porém, este fato é apenas a constituição histórica a qual Moore decidiu fazer sua crítica. Conheça, abaixo, as 5 diferenças entre a HQ e o filme V de Vingança:
O governo
Moore sempre foi um dos maiores defensores do anarquismo, por isso, quando criou a imagem do V, ele decidiu colocar também sua mesma ambição. Porém, a crítica de Alan Moore era contra do governo britânico de Margaret Thatcher, que sempre foi uma figura controversa.
Para Moore, V de Vingança tratava-se da oposição ao Thatcherismo, da noção de desregulamentação, da centralização do governo, da falta de poder dos sindicatos e da confiança no mercado livre.
Já no filme dirigido pelas irmãs Wachowski, também responsáveis pela trilogia Matrix, fizeram diversas associações ao governo Bush, mas também sugeriram a corrupção e as conspirações associadas àquela época.
As Wachowskis viam o Partido Norsefire de Adam Sutler como uma organização neoconservadora, que acreditava na supremacia de uma certa raça e religião, era de natureza totalmente maligna e pretendia criar um povo subserviente.
Adam Sutler vs Adam Susan
O ditador, responsável por todo o sistema totalitário do mundo criado por Alan Moore, é originalmente chamado de Adam Susan. Como membro alto do partido totalitário, ele aparenta ter diversos problemas mentais.
Já a versão do filme, aparece puramente em grandes telas, o que aparenta ser uma tentativa de se parecer mais com o Grande Irmão de George Orwell, no qual o líder sempre falava com as pessoas através de sua Teletela. Sutler também, em todos os seus discursos, parecia mais com Hitler, do que com Adam Susan da HQ.
Isso reflete um pouco sobre os outros inimigos do governo que V possui. Muitos membros parecem mais políticos que falam besteiras, do que vilões mesmo. Alguns deles foram apenas retratados como puramente maus do que apenas seres humanos complexos.
Uma distopia diferente
Na HQ do V de Vingança, a Inglaterra foi recentemente devastada pela guerra nuclear, o que permitiu que o partido Norsefire chegasse ao poder. Essa ameaça fazia sentido no momento da escrita de Moore, pois a Guerra Fria estava em pleno andamento. Havia pânico, confusão, uma sensação de que alguma estrutura poderia percorrer um longo caminho para fazer os cidadãos se sentirem seguros.
As irmãs Wachowski, no entanto, estabeleceram seus anos de adaptação no futuro, mais especificamente em 2020. A guerra nuclear parece menos ameaçadora agora do que algo tão sinistro e eficaz quanto a guerra biológica, uma maneira de atingir, abater, destruir suficientemente uma população inteira sem tanta força bruta e destruição.
Outra diferença significativa da distopia, é que no filme, o partido foi o responsável por lançar um vírus que acabou matando milhares de pessoas, estabelecendo pequenas mudanças, mas que possuem diversos impactos significantes na trama.
Anti-herói ou herói?
Em ambos os casos, sejam nas HQs ou no filme, V definitivamente é um personagem controverso. Porém, é inegável que no filme, sua versão seja mais heroica, do que a versão que o Moore gostaria para a HQ.
Moore imaginou V como um anti-herói moralmente comprometido. Não o tipo que o sequestra, faz você tomar café da manhã ou o tortura por amor, mas o tipo que impiedosamente mata seus inimigos, independentemente de serem bons ou maus.
V não era uma pessoa empolgada e empunhada como está no filme, embora ambas as versões o possuam um vocabulário e uma mente brilhante semelhantes. Em vez disso, ele estava decidido a se vingar e menos interessado em levar uma nação inteira a melhorar.
O fim de V de Vingança
O alvo final de V sempre foi o Parlamento Inglês, porém, no decorrer da trama, passou a ser a casa do Primeiro Ministro. V é morto pelo detetive Finch, não por Creedy e seus homens como no filme.
É Evey quem destrói a residência do primeiro-ministro, usando a máscara de V, proclamando-se vigilante e dando aos cidadãos britânicos uma escolha de como eles agora levarão suas vidas.
Já no filme de V de Vingança, o Parlamento foi realmente o alvo final, concretizando o plano de Fawkes. Depois de se vingar de Sutler, Creedy e do governo que os colocaram no poder, V morreu nos braços de Evey, assim como nos quadrinhos.
O Parlamento é destruído enquanto é contemplado por uma multidão de cidadãos vestindo máscaras revelando serem apoiadores do V, sendo um final bem mais positivo que na HQ.
Na HQ, Moore pretende que o anarquismo gere a dúvida: será que as pessoas vão voltar a seguir suas vidas, ou realmente vão entender a mensagem? Tudo o que nos resta no final dos quadrinhos é o caos, a destruição e as perguntas mais difíceis possíveis a serem feitas
Apesar de suas diferenças, e mesmo que Alan Moore tenha se recusado a ser creditado como participador do filme, há de se convir que cada obra possui sua importância, e sua mensagem. Porém, no fim, seja no filme, seja na HQ, a mensagem de V de Vingança é que tudo é uma questão de escolha, afinal.
Fonte: SyFy