Reformando uma stratocaster Giannini CG08 (Hardware Fender, Gotoh e Malagoli)

Sempre gostei dos sons dos captadores Humbucker até por trabalharem melhores com distorções e sempre gostei muito de bandas com distorções mais pesadas, porém vamos ficando mais velhos e nossa concepção vai mudando um pouco.

Pois bem,  a idade chegou e os sons dos anos 1960 a 1980 que sempre ouvi, agora também fazem parte do que busco musicalmente. Já mostrei aqui algumas reformas de guitarras com captadores de baixo e médio ganho Humbucker, agora chegou a vez de adquirir uma Stratocaster com captadores Single, que sempre torci o nariz, pois sempre os achei magrinhos, mas devo confessar que para alguns trabalhos específicos em gravações, mesmo com captadores de baixo ganho ainda não me sentia bem e sabia que faltava algo.

Pensando nisso e discutindo a cá com minhas neuras e vícios, decidi, já que é para ter uma stratocaster, vamos ter uma boa stratocaster com o que der de peças fabricadas no Brasil, e o que não der vamos com as peças já conhecidas da japonesa Gotoh.

Pensando em guitarra stratocaster, não passou outro nome na minha cachola que não fosse Giannini das antigas, procurei por um bom tempo em busca das guitarras dos anos 70 a 80, infelizmente não encontrei, mas adquiri uma stratocaster CG 08 de 1992 por um ótimo valor
.

Ela estava em perfeitas condições de uso e toda original, faltava apenas uma limpeza na elétrica, mas como já tinha em mente o que queria, resolvi tirar todas as peças originais e começar suas modificações. O primeiro passo foi tirar tirar o escudo e fazer a blindagem toda da guitarra em fita de cobre.

Aproveitando que já havia retirado o escudo e feito a blindagem resolvi trocar sua ponte, que apesar de ter um grande bloco, eu já havia adquirido uma ponte do Wilkinson/ Gotoh modelo VSVG, uma ponte para guitarra Stratocaster com 6 parafusos de fixação e carrinhos com 10.8mm de abertura, bem estável e fabricados com materiais resistentes e de qualidade.

Bom tendo feito o isolamento e trocado a ponte, foi até onde me meti a besta em fazer o serviço, escolhi o resto dos periféricos, as tarraxas foram substituídas pelas Gotoh da linha  SGM07L6-CR, que possuem um ótimo custo benefício com uma relação de 1:16

Decidi também Trocar o nut da guitarra que já estava judiado, pesquisei alguns em osso ou em carbono como dos da Graphtech, mas decidi escolhendo o Roller Nut LSR da Fender, que em sua essência irá reduzir o atrito entre as cordas e a pestana, causando uma melhor estabilidade na afinação do instrumento.

E por últimos os captadores, esses sim são a cereja do bolo. resolvi adquirir um captador que já ouvido falar bastante, mas nunca tinha ouvido seus timbres, então foi uma compra no escuro, e já digo de antemão que me surpreendi e decepcionei-me ao mesmo tempo. Mas calma, explicarei melhor, esses captadores foram os Multi-strato da Malagoli (descrição a seguir é o que consta no site da empresa).

“ Trata-se de um kit composto por : 3 Captadores MULTI-STRATO em Alnico 5, 2 Potenciômetros 250K (Volume e Tone) e Chaves, projetado para guitarras Strato. Com o Multi-Strato, sua guitarra passará a ter 5 Sets diferentes de captadores, o que combinado com a chave tradicional de 5 posições da Strato, resulta em  25 TIMBRES !!! Controles: Tonalidade : p/ o captador do braço e meioVolume : masterChave tradicional Strato, com 5 posiçõesChave Multi-Strato, onde se tem 5 timbres diferentes de strato, segundo tabela abaixo :

Posição : DC  Resistance :

1-  HOT Power                 - 9,5 K ( bridge ), 7,5 K ( middle ), 7,5 K ( neck )

2- Texas Special         - 7,0 K ( bridge ), 6,5 K ( middle ), 6,2 K ( neck )

3- Custom 54                  - 6,5 K ( bridge ), 6,0 K ( middle ), 6,0 K ( neck )

4-Custom 69                  - 5,8 K ( all positions )

5- P.A.F                          - 4,0 K ( all positions )

Com um girar da chave, os 3 captadores da guitarra alteram seu timbre, de acordo com as especificações acima. Cada captador é composto de três captadores com cinco bobinamentos independentes ou seja 5 resistências. Mas apesar desses bobinamentos diferenciados através de uma chave seletora, você poderá usar um timbre apenas por vez. Os nomes dados não necessariamente correspondem de fato aos outros modelos fabricados pela empresa, mas chegam perto disso. Afinal sua resistência fica muito próximo dos modelos mencionados HOT POWER = HOT CERAMIC, TEXAS = CUSTOM DALLAS , 54=54, 69=69.

Quer tocar em um jogo de Custom 54? Coloque na posição 3 e curta os captadores originais das primeiras Stratos, limpos e definidos. Mude a chave para a posição 4 e obtenha um timbre mais “Hendrix”, coloque então na posição 2 para uma guitarra com os famosos Texas Special das guitarras SRV, fortes e estalados. Caso você queira levar sua adrenalina a altos níveis, coloque na posição 1. Você terá agora os HOT POWER, captadores devastadores com muito ganho para Heavy Metal. Indo ao extremo oposto, coloque na posição 5 para ter um timbre semelhante a um captador humbucker P.A.F. splitado: Com um timbre mais magro e ameno.”

Bom tendo todo o conjunto novamente, levei no luthier Henrique no WGabriel, que fez toda a instalação e regulagens necessárias.

Assim posto, chegou a hora do veredito. A guitarra ficou perfeita, toda a combinação de hardware casaram bem e muitos colegas músicos adoraram o resultado final e ficaram encantados com os captadores. Porém aqui entra minha ressalva, porém cabeçada minha mesmo, já admito. Imaginava que ao selecionar o chaveamento teria uma mudança gritante de timbre e não é bem assim que as coisas funcionam.

O timbre do captadores envolve toda sua construção, tipo de bobinamento, fios utilizados, ímãs e resistência, pico de ressonância e outros fatores. Ao mudar a chave seletora, você está mudando a resistência de um determinado captador, ou seja, deixando ele levemente mais fraco ou mais forte, com mais ou menos saída. Sim isso muda o timbre, mas não é tão gritante assim como pegar um captador da própria empresa os modelos custom dallas e um 69 e comparar com essa defasagem que ocorre no conjunto multistrato em suas posições 2 e 4 respectivamente, eles terão a mesma potência de saída, lembrarão algumas características, mas não será o mesmo timbre, porém vamos deixar claro que isso está bem claro no anúncio da empresa, que repetirei aqui o parágrafo. “Os nomes dados não necessariamente correspondem de fato aos outros modelos fabricados pela empresa, mas chegam perto disso. Afinal sua resistência fica muito próximo dos modelos mencionados HOT POWER = HOT CERAMIC, TEXAS = CUSTOM DALLAS , 54=54, 69=69.”.

Tirando esse “mais” que eu esperava, como se fosse um emulador (nem sei porque esperava isso, pois já sabia que não era assim) são captadores fantásticos e recomendo sem pestanejar, para aqueles músicos do estúdio, e mesmo da noite que sempre tem que ficar trabalhando com possibilidades diversas de timbres para agradar aos seus clientes, esses captadores são fantásticos, e eles somado a todo   hardware mencionado anteriormente deram um ar de respeito que essa Gianoca merecia.