Após o caso "MiT", novas acusações apareceram no cenário

O cenário do ESport começou o ano com notícias desagradáveis sobre vários dos jogadores de times muito conhecidos no âmbito. Mais de dez jogadores foram acusados de assédio sexual contra mulheres, entre eles Gabriel "MiT" Souza, o qual a RIOT Games informou seu desligamento. Nesta terça, 05/12, Gabriel MiT publicou uma nota em sua conta no Twitter.

Carolina Bf. Fernandes é ex-namorada de MiT e postou em sua conta no Twitter as mensagens que mandou ao final do relacionamento, enfatizando o quanto as ações dele haviam a perturbado.

Assim como Daniela Tatueira, outras vítimas também postaram sobre as investidas e assédios cometidos por MiT, como a streamer Kyureni que contou o caso que aconteceu na virada de ano de 2018 para 2019.

"No outro dia de manhã, a primeira frase que eu ouvi foi: 'Eu fiquei com muita vontade de tirar sua roupa durante a noite, mas pensei que isso seria estupro, ne?'." (...) Ele ficou insistindo para ficar comigo. (...) Logo no começo ele me deu um tapão na cara. Não tinha clima nenhum para isso acontecer."

Outra vítima, Gabsayashi, também streamer, relatou sobre as investidas e assédio que sofreu de MiT em janeiro de 2020, após o ano novo, em que foi convidada para casa dele e ficou em um estado de choque com o que estava acontecendo.

Outro jogador é o Filipe "pancc" Martins, afiliado da equipe ygn Sharks, a qual abriu um processo interno frente a acusações contra o jogador.

A jogadora profissional de Valorant, Bruna Sobieszczk, ex-STrigi Manse, postou em sua conta no Twitter sobre a insistência de Filipe e investidas. Além disso, também postou sobre como o mesmo havia mentido sobre terem tido relações sexuais, o que pode ocasionar uma situação de processo por calúnia e difamação.

Outra streamer de Valorant, conhecida como FURIA Giselle, também informou sobre as mensagens que trocou em 2020 com Filipe, quando tinha 15 anos.

"Só quem me conhece mesmo e conversou comigo do ano passado pra cá, sabe o quanto mudei em questão pessoal, foi uma época meio do tipo "surto coletivo", que as vezes nem lembra que existiu, porém olhando para trás, eu consigo perceber o quão doentio isso foi."

Nas mensagens trocadas, Filipe, com 22 anos, é ciente sobre Giselle ser menor de idade e brinca sobre o fato, pedindo para serem só amigos, porém requisitou foto da mesma seminua.

Foto retirada do tweet de FURIA Giselle

Outro ocorrido foi com o coach e jogador profissional de LoL, Guilherme Kake, ex-afiliado da Flamengo E-Sports, a qual o desligou após as acusações de assédio e pedofilia.

Guilherme Kake era responsável por treinar jovens na Academia de LoL, projeto organizado por ele, para competirem, mas nas conversas nos servidores do Discord, pedia fotos dos genitais dos adolescentes.

"No meio do projeto o kake pediu nudes para o Sonyy insistindo, até que o sony recusava e ainda mandou uma foto brincando. Logo em seguida Sony foi removido do projeto. O mesmo caso aconteceu comigo e eu tinha 15 para os meus 16 anos."

O jogador conhecido como Wos, afiliado da equipe Vorax, foi acusado de assédio sexual por uma streamer de LoL, conhecida como Kahtsune, a qual explica que em fevereiro de 2020, ficou bêbada e Wos a levou para dormir na casa dele.

"(...) a partir daqui são lembranças vagas minhas, eu lembro dele em cima de mim falando alguma coisa e logo em seguida eu falando que queria dormia por que estava cansada (...) quando acordei para ir embora percebi que estava sem calcinha"

A CEO da Vorax, Marina Leite, mostrou-se a par da situação, postando que já há um processo de investigação sendo executado. O jogador Wos ainda não se manifestou.

Entre um dos acusados, o qual gerou grande repercussão, foi o comentarista da CBLol, Gustavo Docil. A repórter e streamer, Stephany Sereia, abriu-se em sua conta no Twitter, sobre Docil ter entrado em contato com ela por Instagram e pedir fotos nuas, sendo que, na época, Stephany era menor de idade.

Além disto, Docil, nas mensagens, havia dito que o Gustavo Melão, ex-analista da  CBLol e atual caster da valorant Brasil, pedia as fotos nuas de Stephany através dele - o que foi confirmado como mentira por parte de Docil.

Docil confirmou o acontecido e se mostrou arrependido do que ocorreu, tendo entrado em contato com Stephany em suas redes sociais.

Um jogador conhecido como Tistoco, foi acusado de ter apalpado uma colega em uma festa, assim como Célio de Oliveira, ex-gerente da KaBuM!ESports e conhecido como Thurizão, acusado de ter abusado de Karina Yoon, ex-tradutora da KaBuM!ESports.

A conta oficial da KaBuM!ESports afirmou que houve depuração do ocorrido, porém Karina rebateu que havia se passado quase um ano desde o ocorrido e a organização não havia feito algo em relação a isso.

O jogador profissional Lynxmon também foi acusado de assédio pela ilustradora Samy Lemons, porém Lemos excluiu o tweet em que fazia a denúncia. Permanece público somente o pedido do jogador para conversarem sobre o assunto, seguido da aceitação do pedido de desculpa por Samy.

Outro ocorrido foi com o jogador profissional de CS:GO, Lincoln Lau, conhecido como linfnx, o qual filmou o momento da relação sexual sem o consentimento de sua parceira. A mesma só soube sobre isto meses após o ocorrido, e que o vídeo já havia sido visto por outras pessoas.

Os casos vão além do cenário de League of Legends

Todas essas acusações ocorreram nessa terça-feira, 05, tendo League of Legends e Exposed como assuntos do momento com mais de 13,8 mil e mais de 132 mil tweets, respectivamente.

Muitos dos casos ocorreram antes da pandemia, como o caso de Daniela Tatueira que ocorreu há mais de seis anos, porém é necessário ressaltar que acusações de assédio costumam não ser levados a sério por causa de estruturas de poder dentro do local em que ocorrem. Assédio, sexual ou moral, pode ocorrer entre qualquer gênero, como o caso envolvendo Guilherme Kake em que as vítimas foram homens, porém possui uma maior taxa de homens serem os agressores de mulheres.

De acordo com uma pesquisa do DataFolha, realizada em 2018, 23% das mulheres entrevistadas, entre 16 e 24 anos, afirmou já terem sido vítimas de assédio sexual no ambiente de trabalho. Ou seja, 1 de 4 mulheres, nessa faixa etária, já sofreu algum tipo de violência no ambiente de trabalho. Esses números mudam quando há recortes de raça e sexualidade.

Vítimas de assédio raramente se expõe sobre o ocorrido por medo de retaliação e certeza de impunidade, logo é comum quando uma acusação ocorre, várias outras seguirem. É importante demonstrar apoio às vítimas e procurar por medidas cabíveis aos ocorridos, como foi o caso dos desligamentos feitos pelas equipes.