Quando foi lançado em 2021, Resident Evil Village demonstrou que conseguiu ser a junção perfeita entre terror e ação em uma franquia que já estava fortemente consolidada. Agora, com a Gold Edition, será que as novidades conseguem dar uma sobrevida ao game da Capcom?
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A mudança de mecânica de Resident Evil 6 para Resident Evil 7 parecia ousada demais para determinados fãs mais emocionados. No entanto, o que parecia ousadia ou talvez, "um tiro no próprio pé", se revelou uma estratégia tão sadia, que deu um gás enorme na franquia, além de trazer novos personagens icônicos, como Jack Baker.
Resident Evil Village poderia botar tudo isso a perder, porém seguiu os mesmos passos de seu predecessor, e trouxe novos nomes igualmente ou até mais icônicos ainda, como Lady Alcina Dimitrescu, que praticamente quebrou a internet, Karl Heisenberg, e até mesmo o Duque, que atua como merchant.
O que tem de diferente em Resident Evil Village: Gold Edition
Com o Gold Edition, temos algumas mudanças em relação ao jogo base:
- Mudança da perspectiva de primeira para terceira pessoa;
- A DLC Sombras de Rose;
- Inclusão de Lady D, Chris Redfield e Heisenberg como personagens jogáveis em Os Mercenários.
Voltando à parte de mudanças de perspectivas: será que mudar a perspectiva de uma narrativa pensada exclusivamente para primeira pessoa poderia alterar o curso dela? Será que Sombras de Rose é capaz de dar sequência à saga dos Winter e ainda assim fazer a gente querer voltar para a mesma vila 16 anos depois?
Será que tudo isso justificariam essas mudanças? É com base nessas perguntas que seguiremos a nossa análise de Resident Evil Village: Gold Edition; confira abaixo mais detalhes!
Mudando a perspectiva
Ao criar um game completamente em primeira pessoa, todo o seu level design e arte será voltado para essa mecânica. Colocar a perspectiva em terceira pessoa faria com que o jogo mude completamente alguns aspectos.
Nesse caso, eu acredito que os desenvolvedores fizeram um bom trabalho, porque parece que algumas mudanças foram feitas para encaixarem perfeitamente com a nova câmera.
Sejamos justos, toda a parte da Mansão Beneviento em primeira pessoa, causa um "cagaço" mesmos naqueles que são já estão acostumados com jogos de terror. E isso foi algo do qual eu curti muito em Village.
Manter todos esses aspectos na terceira pessoa talvez tiraria certa "graça" desse e de outros momentos tão icônicos, como quando Lady D. levanta Ethan e jogá-lo longe (várias vezes). Com a câmera mais longe e mais afastada, pode-se ter a impressão de que toda a carga emocional da cena fica distanciada.
É claro que essa mudança não faz com que esses momentos sejam atrapalhados de alguma forma — algo que me surpreendeu positivamente. Porém, é inegável que, em primeira pessoa, eles são vividos de forma mais intensa, já que aproximam a expressão de cada um dos vilões, completamente bem interpretados.
Também é possível pensar que já estamos enviesados com toda a experiência em primeira pessoa. Caso o oposto fosse feito (um jogo em terceira pessoa tornado em primeira), talvez sentíssemos o mesmo estranhamento.
Porém, é importante ressaltar que, nos momentos de mais ação no jogo, como no início e na parte do Chris, a câmera em terceira pessoa acaba dando uma melhor visão do terreno, o que acaba auxiliando a identificar melhor os inimigos e acertá-los.
Vale a pena ressaltar que, nas cutscenes, o enquadramento continua completamente em primeira pessoa: a câmera dá um zoom lento até enquadrar a visão de Ethan. Essa foi uma solução que poderia ficar completamente galhofa, porém foi feita de forma tão fluida, que acaba funcionando.
Para aqueles que quiserem visualizar a experiência original, será possível trocar para primeira ou terceira pessoa quantas vezes você quiser. Então, a premissa é: fica à sua escolha. Na minha análise, é uma mudança de perspectiva que vale a pena ser revivida.
Sombras de Rose
Sombras de Rose é, sem dúvida, o mais importante conteúdo adicionado no Gold Edition. Passados 16 anos após os eventos de Resident Evil Village (não daremos spoilers), Rosemary, ou Rose (filha de Ethan e Mia Winters), volta à vila na Europa para poder entender um pouco mais sobre seus poderes.
Para se livrar do "mofo" em seu corpo, Rose precisa voltar a locais icônicos, como o Castelo Dimitrescu e a Casa Beneviento, e reviver uns pesadelos do passado, para poder continuar seguindo no presente.
Isso gera cenas completamente icônicas, especialmente na mansão dos Beneviento, que não fica nem um pouco atrás da experiência original, porém, moldada completamente para encaixar na lore de Rose.
Pode ser que aqueles que sejam mais saudosistas com a franquia não gostem tanto assim da ideia de poderes sobrenaturais, porém, acredito que a história de Rose tenha motivação e se encaixe dentro do universo de Village.
A forma de vir como DLC retira essa essência de que ele precisaria ser um Resident Evil 9, por exemplo, e deixa tudo isso como uma mera expansão do universo, que complementa parte da história.
Assim como as DLCs de Resident Evil 7, o objetivo era mesmo fazer uma espécie de "repeteco" do que deu certo e contar algumas histórias paralelas que ainda precisavam ser contadas, como o que aconteceu com Zoe.
Sombras de Rose não foge muito dessa ideia: trazer novos conteúdos em locais icônicos, com outros personagens, mas sem um grande comprometimento em ficar expandindo além da necessidade algo que não tem justificativa.
Nesse aspecto, Sombras de Rose acerta em cheio em ter um enredo relativamente curto, porém, que parece dar um devido encerramento a um arco que não será facilmente esquecido pelos fãs da franquia.
Resident Evil Village: Gold Edition vale a pena?
Para aqueles que jogaram Resident Evil Village, a nova perspectiva em terceira pessoa é uma nova maneira de ver um universo mais bonito e mais solitário, tirando a perspectiva claustrofóbica de antes.
Para quem não gosta muito de jogos em primeira pessoa, é a perfeita oportunidade para viver a experiência pela primeira vez, sem ter determinadas experiências comprometidas.
A troca de perspectiva é uma experiência que merece ser revivida
Sombras de Rose é um repeteco do que deu certo na campanha principal e adiciona informações importantes à lore da Família Winters. Ou seja, não há muita novidade, no que tange o aspecto de mecânicas e cenários — mesmo com os poderes de Rose sendo explorados.
Porém, Sombras de Rose é uma experiência que atende às expectativas do que se propôs a fazer. É uma expansão divertida e gostosa de jogar, já que acerta em reviver cenários icônicos do jeito certo, sem que nada pareça tão repetitivo.
Sendo assim, Resident Evil Village: Gold Edition é um jogo que precisa ser experienciado pelos fãs da franquia, já que traz novas perspectivas à história principal, além de adicionar elementos extras à lore.
Esta análise de Resident Evil Gold Edition foi feita com uma cópia de Xbox Series X gentilmente cedida pela Capcom.