Depois de várias críticas a Resident Evil 3 Remake, Resident Evil 4 Remake tinha nas mãos uma missão mais difícil que resgatar a filha do presidente em uma vila no sul da Espanha.
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Com críticas divididas sobre o que era considerado, por muitos fãs, um dos marcos da franquia, olhar para o futuro parecia algo tão incerto; o que a Capcom faria com Resident Evil 4 em um possível remake?
Será que eles iriam manter a essência quase que na íntegra, mudar só o que fosse necessário para atender aos moldes que os jogadores de hoje em dia estão mais acostumados, sejam de mecânica ou até mesmo de gráficos.
Fato é que a empresa tinha muitas incógnitas nas mãos para agradar os fãs que consideram Resident Evil 4 lançado em 2005 como um dos maiores e mais marcantes jogos da franquia.
Mas, será que é possível reinventar a roda, morrer, viver e vencer a escuridão antes de um novo amanhecer?
É com essas perguntas que seguiremos com nossa análise de Resident Evil 4 Remake; e o nosso veredito você confere abaixo!
Resident Evil 4: um breve histórico
Após seis anos dos eventos de Raccoon City (abordado em Resident Evil 2 e Resident Evil 3), Leon S. Kennedy, que, naquela época era apenas um cadete da polícia local, agora é um agente especializado à serviço do Presidente dos Estados Unidos.
Muito se passou desde aquele incidente e, agora, um agente mais experiente, Leon tem em mãos uma tarefa que parece buscar uma agulha em um palheiro: localizar Ashley Graham, a filha do Presidente.
Sua primeira pista era um vilarejo no sul da Easpanha. Então, com ajuda de policiais locais, Leon parte para a sua investigação. No entanto, o que ele encontra lá é um vilarejo contaminado com uma "Praga", também chamada de "La Plaga".
Para piorar ainda a situação, em vez de morrerem, os vilarejos assumiram formas animalescas e passaram a ter comportamentos extremamente violentos e de adoração com um líder local, chamado Lorde Saddler.
Visando vencer os fantasmas do passado e os problemas do futuro, Leon se aventura pelo vilarejo e castelos antigos, para descobrir quanto mal a ganância empresarial da Umbrella Corporation pode causar.
Um forasteiro
Em uma cultura que não compactua tanto com forasteiros, é bem legal o quanto os "Ganados", como são chamados os aldeões, reconhecem quem não faz parte do grupo dele.
Isso deixa bem claro a separação cultural entre Leon e até mesmo os personagens locais, sendo que ele claramente se sente um forasteiro naquele lugar em que não só a geografia é diferente de seu local de origem, mas o idioma se torna uma barreira maior ainda.
Porém, mesmo sendo um forasteiro em uma terra arrasada, Leon demonstra que seu treinamento como agente e habilidade com facas provaram seu valor.
Atrás de você, imbecil
Frases de efeito marcaram Resident Evil 4 em 2005 que, embora seus problemas de produção tenham levado a franquia a um patamar diferente do terror, ainda assim conseguiu manter o ar da maestria que definiria o rumo do futuro da franquia.
Com inimigos extremamente "carismáticos", eu digria, isso sempre foi uma característica bem marcante do título e é bem legal ver o quanto disso foi mantido na nova versão. Claro, por que perder uma característica tão grande?
No entanto, a Capcom não parou por aí. Além da mecânica estar mais difícil e mais adequada aos padrões de hoje em dia, é bem legal ver que os padrões não são repetitivos ou chatos.
E, embora muito do level design tenha se mantido igual, muitas regiões ficaram um pouco maiores para não fazer com que aqueles que já saibam o game de cabo a rabo se sintam assim tão entediados de fazer a mesma coisa, mas com
No entanto, ao olhar pra trás, é possível ver o bem que Resident Evil 4 fez para a franquia. E é legal notar o quanto Resident Evil Village tentou, a todo custo, beber dessa essência e fez um excelente trabalho.
É impressionante as semelhanças de level design e amarras entre ambos os títulos, especialmente colocando a parte central da vila como uma espécia de hub.
Tenho vários itens raros à venda, estranho
Vamos usar essa seção para falar um pouco da mecânica de Resident Evil 4 Remake. Muito do jogo base foi mantido, como a vasta opção de armas, o Merchant carismático, porém algumas coisas são um pouco novas.
Agora, as facas quebram. Sim, isso não é uma boa notícia, para quem tinha "faca infinita" antes. Porém, à medida que você vai melhorando seu equipamento, especialmente a arma, ela se torna sua fiel companheira, e eu acho que isso condiz bastante com a lore do Leon.
Melhorar a faca primeiro, seja em sua durabilidade ou dano causado, te dará uma vantagem considerável ao atuar contra inimigos, especialmente aqueles que possuem quick time events que requeiram o uso dela.
Andar e atirar? Essa era uma trava que o jogo antes tinha e não é mais necessário. Por que você deve ficar limitado a parar e atirar? Isso era uma limitação técnica da época que não cabe mais nos jogos de hoje em dia, portanto, ande e atire à vontade.
Passar horas organizando inventário? Outra mecânica queridinha dos fãs com TOC como eu, está de volta. E continua tão satisfatório como antes. Nenhum outro jogo da franquia permitiu administrar os recursos tão bem quanto Resident Evil 4, então isso é algo que você vai enfrentar novamente.
Lembra aqueles medalhões que você tinha que destruir sem propósito algum? Agora eles têm uma justificativa: é um dos contratos do Merchant. Além dele, possuem outros, como vender carne de víbora, aniquilar os ratos ou até mesmo quebrar insígnias de lápides de gêmeos.
E isso te dá recompensas que podem ser trocadas por itens extremamente valiosos, como um mapa do tesouro e até mesmo uma piustola que funciona muito bem como arma secundária e não requer munição diferente da pistola principal de Leon.
Não é possível matar o Merchant, algo que era possível no título original de 2005, porém, caro você queira demonstrar o seu desdém pelos preços exorbitantes que ele cobra, existe um troféu que pode ser conquistado se você finalizar o jogo sem falar nenhuma vez com ele.
Leon, help!
Ashley continua chata? Sim, claro. Mas a história coloca um nível maior na relação entre eles. Além de expandir o background de todos os personagens, as interações entre Leon e Ashley são bem mais exploradas na nova versão.
A interação e ajuda mútua é maior do que antes. porém, é inegável que Ashley possua as suas limitações enquanto uma pessoa não combatente. Ou seja, ela ajuda como pode — não sendo capturada.
Morrer é viver
Resident Evil 2 Remake trouxe uma luz de acertos dentre a série de anos conturbados da Capcom, e abriu espaço para a saga de remasterizações. Porém, Resident Evil 3 Remake deixou um pouco a desejar nisso.
Mas não tem problema, porque morrer é viver e a Capcom sabe fazer isso muito bem. Sim, eu sei que você pegou a piada.
Por isso, Resident Evil 4 Remake é um dos melhores remakes que a empresa já fez e, de tudo que tenho visto atualmente, consigo dizer que é um dos que conseguiu melhor adaptar o original à nova geração, mudando só o necessário e nada mais.
Por isso, o título está em sua obra mais prima e merece todos os olhares, o que indica que pode ser um forte candidato a vários prêmios, se não, Jogo do Ano no The Game Awards.
Resident Evil 4 Remake vale a pena?
Resident Evil em sua mais pura forma. Se, em 2005, Resident Evil 4 deixou claro o quanto era um game sólido e conciso, mesmo fugindo um pouco de suas raízes e com uma clara mudança na mecânica de câmera over the shouler, o Remake não deixa nem um pouco a desejar.
Além de dar um tom melhor para a aventura, demonstrando claramente a passagem de tempo entre o dia, tarde e a noite de Leon, a atmosfera é bem mais condizente com a jornada.
Outro ponto que devo ressaltar, além da melhora de desempenho e gráfico, é quanto a mecânica é lisa e não possui gargalos, mesmo para os fãs que transitaram entre diversas mecânicas na franquia (especialmente eu, que joguei o Village em primeira pessoa).
Resident Evil nunca deixa de te surpreender e de fazer com que você tenha um carinho enorme, mesmo pela personagem mais insuportável da história dos videogames, que é a Ashley.
Sendo assim, Resident Evil 4 Remake, assim como o seu original, terá um lugar em nosso coração e será lembrado, talvez, como um dos melhores remakes já feitos de um jogo. Claro, os riscos eram bem altos e, um deslize poderia fazer com que a queda fosse feia.
Porém a Capcom mandou muito bem, fez um remake que respeitou as origens e mudou exatamente aquilo que era necessário. Sendo assim, Resident Evil 4 Remake vale e muito a pena.