Quando foi anunciado pela primeira vez, Gotham Knights passou por um período turbulento de marketing. Como se utilizar de um universo já consolidado e contar uma história multiplayer, mas que não seria um jogo de serviço?
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Embora o Batman já estivesse bem consolidado com a série Arkham nos games, ainda havia um mundo enorme do morcgeão que precisava ser explorado. E Gotham Knights talvez pudesse ser essa resposta.
Mas, será que era o momento certo de explorar melhor a chamada Bat-Família? E como ficaria o Batman? Será que isso iria impactar na relação do universo de Gotham com os fãs?
Com essa premissa, Gotham Knights parecia ter uma longa jornada até se consolidar como um game novo que bebe de uma essência completamente consolidada no imaginário dos fãs.
E são através delas que faremos nossa análise de Gotham Knights. Confira abaixo o que achamos do game!
A história de Gotham Knights
Embora o foco do game seja o Asa Noturna, Batgirl, Capuz Vermelho e Robin, é inegável que o Batman precisava aparecer em algum momento. Ou o game precisava dar uma justificativa para sua ausência.
Nisso o jogo não poupa nem um pouco. Logo de cara, o morcgeão faz um sacrifício que custa sua própria vida. Mas esse fato não é canônico para a série Arkham.
O custo desse sacrifício é que ele acaba deixando Gotham completamente vulnerável a ataques de grupos criminosos. Com isso, cabe à Bat-Família lidar com isso, ao mesmo tempo em que deve combater uma ameaça maior ainda.
Gotham está repleta de vilões que já são extremamente consolidados. A dúvida que fica é se valeria a pena gastar o Coringa logo de cara, mas fato é que a cidade do Homem-Morcego possui muito a ser explorado, e Gotham Knights explora vilões clássicos de forma bem interessante.
No mais, a trama principal foca em um grupo já conhecido dos quadrinhos, chamado Corte das Corujas, porém você ainda pode se encontrar com outros vilões interessantes, como Talia al Ghul, que, juntamente com a Liga dos Assassinos, está sempre tramando algo nas sombras.
A Bat-Família como você nunca viu
Como dito acima, você pode jogar com cada um dos quatro personagens Asa Noturna, Batgirl, Capuz Vermelho e Robin. E, para justificar essa vasta seleção, cada um possui um modo único de batalha:
- Asa Noturna: acrobacias e ataques a distância;
- Batgirl: suporte com danos críticos;
- Capuz Vermelho: combate com armamento e ataques melee;
- Robin: enfoque em ataques furtivos.
Com diferentes gangues assolando Gotham, como a Máfia, os Lokos, Reguladores e muitos outros, a maior dificuldade é conseguir dosar qual habilidade usar contra qual inimigo.
E nisso o jogo faz muito bem, já que cada personagem possui quatro árvores de habilidades distintas. Embora algumas habilidades não fujam do padrão de aumentar vida e dano, outras focam em explorar movimentos específicos e exclusivos para cada personagem, algo que dá um maior dinamismo ao gameplay.
Tudo isso faz com que o gameplay seja distinto para cada um, o que dá a opção de rejogabilidade. No entanto, o andamento da história não muda em nada ao escolher um ou outro — o que muda mesmo são as cutscenes.
Ao mesmo tempo em que ter mais de uma opção de personagem para jogar é bom, isso acaba, de certa forma, inviabilizando o aprofundamento de cada um deles. Quanto mais personagens, mais difícil é você dar profundidade às suas motivações.
Gotham Knights acaba caindo nisso, porém não deixa os personagens superficiais. Ao interagir com determinados pontos de Gotham, cada um deles têm diferentes abordagens, o que faz com que os jogadores possam se conectar ainda mais com suas histórias pessoais, independentemente do grupo como um todo.
Jogo do Batman sem o Batman
Por se passar no universo de Batman, o game flerta bastante com os títulos já consolidados da série Arkham, porém oferecem uma experiência única com personagens que não foram explorados nesse tipo de mídia ainda.
Mas, ainda assim, o jogo traz essa aura de que se trata de um jogo do Batman, no aspecto de que lutas contra inimigos como Arlequina e outros, é algo extremamente exigente, além de demandar um certo preparo.
No entanto, o mais legal do game é a possibilidade de, ao saber que você vai lutar contra o Sr. Frio, se você levar armas de fogo e armaduras com resistência a gelo torna a experiência ainda bem mais imersiva.
Ou seja, além do "preparo" do Homem-Morcego, ainda há essa aura de mais detetive, onde cada dispositivo usado vai impactar bastante na experiência do gameplay.
E tudo isso é muito legal, porque, mesmo deixando no ar essa essência do Batman, sem que ele necessariamente esteja na tela, isso não tira a autonomia dos quatro personagens do game.
Uma Gotham mais viva
Batman: Arkham Kinght inovou ao trazer a possibilidade de explorar um mundo aberto de Gotham não só com Batman, mas usando o Batmóvel. Gotham Knights manteve essa essência, mas optou por deixar a cidade mais viva.
Além de estar mais populada com pessoas, que fazem comentários ao ver a Batpod (ou Batmoto), a cidade está com cores menos sombrias, mais vivas. Isso não é um problema, já que o próprio universo permite que a cidade seja explorada dessa maneira.
Vendo por esse lado, embora Gotham esteja mais viva em termos de cores, ela ainda assim não perde sua característica gótica e misteriosa de sempre.
Porém, com um mundo vasto, há a necessidade de significar cada espaço dele de forma sábia. Gotham Knights oferece as opções de patrulhas noturnas, que permitem aos combatentes resolver e impedir crimes, além de explorar pontos de interesse da cidade.
A movimentação pode não ser das melhores no início, já que só é possível explorar a cidade usando gancho e moto. Mas eu recomendo fortemente que você desbloqueie a opção de planar (no caso da Batgril), o que fará da sua exploração ainda mais fluida.
De todo caso, completar missões secundárias permitirá que você desbloqueie casos envolvendo três vilões clássicos, que oferecem boas batalhas e experiências. No entanto, o único porém, é que esse processo pode se tornar um pouco monótono no início.
Gotham Kinghts vale a pena?
Gotham Knights ousa trazer novos personagens e explorar a Bat-Família em uma mídia à qual ela nunca havia aparecido antes. E só, por isso, já vale a experiência, já que o mundo de Gotham City não gira apenas em torno do Batman.
Um dos maiores pontos do jogo é a dinâmica entre os personagens e o trabalho em grupo executado por eles. Ao sair para patrulhar a cidade durante a noite, é possível notar as interações e comentários, bem como a sua relação com um mundo denso e cheio de perdas, já que o seu mentor foi morto e agora cabe a eles a responsabilidade de carregar seu legado.
Na aba de e-mail você pode ver interações ainda mais únicas, como brigas por quem comeu o último pedaço de pizza ou até mesmo a possibilidade de criar um podcast. No entanto, essas interações poderiam ter sido feitas em gameplay ou cutscenes, o que daria um maior dinamismo nas interações dentro do Campanário.
Durante o dia, todos eles se reúnem no centro de controle junto com Alfred, para poder avaliar as pistas e tentar desvendar o mistério. À noite, você poderá escolher um personagem específico para resolver crimes ou explorar a cidade.
Gotham Knights oferece diversas interações entre personagens, porém poderiam ter mais cutscenes explorando isso.
Talvez, o único ponto no qual eu esperava mais era na interação do grupo enquanto equipe. No core do gameplay, você escolhe um personagem e sai com ele para jogar sozinho. Seria legal, embora eu sei que seria bem mais difícil, que eles interagissem na batalha, em conjunto.
Porém, esse talvez seja uma questão para o futuro, onde jogos envolvendo grupos de heróis precisem mesmo explorar melhor no gameplay, as interações e como cada um do grupo cobre o ponto fraco do outro. Tudo isso torna o gameplay coeso, conciso, além de justificá-lo.
No entanto, Gotham Knights possui um saldo positivo, seja na história ou seja nos visuais estonteantes (texturas, materiais e iluminação tornam Gotham extremamente viva). Seu gameplay é variado e a árvore de habilidade de cada personagem oferece uma grande gama de possibilidades.
Embora a história não seja impactada por escolher determinado personagem, o gameplay de cada missão será fortemente impactado por isso, o que talvez justifique a rejogabilidade.
Sendo assim, posso dizer que Gotham Knights faz jus ao universo do Homem-Morcego, que já estava fortemente consolidado na franquia Arkham, mas abre novas portas para o que está por vir no futuro da Bat-Família.
Esta análise de Gotham Knights foi feita com uma cópia de Xbox Series X gentilmente cedida pela WB Games.