Os trâmites envolvendo a compra da Activision Blizzard pela Microsoft continuam a todo vapor. Em recente relatório, a Sony afirma que a "Verdadeira estratégia" da concorrência, por trás de sua proposta de aquisição, nada mais é, do que fazer com que a PlayStation "seja como a Nintendo", não competindo com jogos de tiro classificados como 18 anos.
O relatório em questão, é uma resposta à decisão da Autoridade de Concorrência e Mercados do Reino Unido (CMA), que irá expandir a investigação sobre a aquisição da empresa.
Na resposta de 22 páginas, a empresa alega que, caso o acordo seja mantido, os usuários deixariam o ecossistema do PlayStation e que a Microsoft poderia aumentar os preços dos jogos no Xbox; com isso, até mesmo desenvolvedores independentes poderiam ser prejudicados.
O enfoque do documento está majoritariamente concentrado na franquia Call of Duty, que é um dos carros-chefes de jogos de tiro no console da Sony. A maior preocupação, no entanto, seja de que a franquia se tornasse completamente exclusiva no console da concorrência.
Apesar das alegações da empresa, em entrevista ao The Verge, Phil Spencer deixou claro que não é intenção da Microsoft tornar a franquia exclusiva ou fazer com que os jogadores tenham que assinar o Xbox Game Pass para poderem jogar CoD via browser no PlayStation.
Nintendo não precisa do Call of Duty para ser bem-sucedida
Dentro do documento, é possível encontrar declarações da Sony destacando comentários feitos pela Microsoft de que outras plataformas são capazes de prosperar no mercado sem a necessidade de possuir em seu catálogo o Call of Duty — isso inclui o Nintendo Switch.
"Ignorando esses fatos, a Microsoft argumenta que a Nintendo teve sucesso sem acesso ao Call of Duty. Isso não faz sentido. A decisão identifica um amplo corpo de evidências mostrando que a Nintendo oferece uma experiência diferenciada para Xbox e PlayStation, porque está focada em jogos para a família que são muito diferentes de jogos FPS 18+ como Call of Duty."
Para a Sony isso não é verdade, já que "ignora os fatos". A argumentação pauta que a estratégia da Nintendo é diferenciada do PlayStation e do Xbox, porque não depende de franquias de shooters 18+ — jogos que a Microsoft passaria a ter propriedade exclusiva, caso finalizasse o acordo com a Activision.
"A Microsoft afirma que o modelo diferenciado da Nintendo demonstra que a PlayStation não precisa de Call of Duty para competir de forma eficaz. Isso revela a verdadeira estratégia da Microsoft; de que ela quer que a PlayStation se torne a Nintendo, para que seja um concorrente menos próximo e eficaz"
Há de se lembrar que a Microsoft não tem só Halo em seu catálogo, mas também possui Gears of War e Doom. Para a Sony, a inclusão de Call of Duty no guarda-chuva da empresa apresentaria um risco. Outro fator a ser considerado é que a Blizzard também é responsável por Overwatch 2, outro título que a empresa levaria no acordo.
Compra da Activision Blizzard pela Microsoft
A compra da Activision Blizzard pela Microsoft fez com que vários órgãos regulatórios do mundo dessem seus pareceres sobre as possíveis práticas abusivas e suposto controle de mercado via monopólio.
O acordo foi aprovado pelos órgãos reguladores da Arábia Saudita e do Brasil. No Reino Unido, as investigações foram expandidas para uma segunda fase, e visa convidar o público a opinar sobre o acordo antes de sua posição final, que será dada até dia 1º de março de 2023.
Aqui no Brasil, o CADE concordou com a afirmação da Microsoft de que a PlayStation não precisa de Call of Duty para se permanecer competitiva.
Sucesso de Call of Duty no PlayStation
Após o seu lançamento, Call of Duty: Modern Warfare 2 bate recordeu de vendas na PS Store. Com isso, o título se tornou o mais vendido da franquia na loja.
Isso corrobora o medo da empresa em perder um título tão importante assim para seu portfólio de consoles.
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Sucesso do God of War Ragnarök
Em paralelo a isso, God of War Ragnarök bate recorde de unidades vendidas na primeira semana. Com mais de 5,1 milhões de unidades vendidas, o título é o exclusivo que mais vendeu em pouco tempo na história da marca.
A última vez que a empresa atingiu marca similar, foi no lançamento de The Last of Us Part 2, em junho de 2022, quando o título vendeu, em pouco tempo, mais de 4 milhões de unidades.
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Sony possui shooters à disposição
Todo o debate envolto na questão de shooters 18+ traz uma série de questionamentos envolvendo a Sony.
Afinal, a empresa possui à disposição franquias como Killzone, Resistance, Socom e até mesmo títulos já há muito congelados, como Syphom Filter — que voltou em retrocompatibilidade.
Outro fator a ser incluído aqui é a aquisição da Bungie pela Sony. A Bungie foi responsável pelo sucesso que Halo possui hoje em dia, além de ter tido um sucesso expressivo com a franquia Destiny; lembrando que a Bungie e a Activision não são mais parceiras desde 2019.
Com franquias de shooters 18+ a disposição e com potencial de sucesso, fica a dúvida do porquê a Sony opta por não usá-las. As maiores apostas da empresa, ultimamente, tem sido em jogos de action-adventure, que parecem ter um maior apelo entre o público.
Com a Bungie do seu lado e todo o know-how que a empresa tem com shooters, bem como franquias que não veem a luz do dia desde o PlayStation 3, talvez esteja na hora de a Sony lançar um "Matador de CoD" para não ter que depender única e exclusivamente de uma franquia.