Trazendo à tona os olhares (e por que não, memes), Sifu demonstra toda sua experiência de Kung Fu em uma jornada sobre vingança, mas que sobretudo ensina que o envelhecimento não é tão punitivo quanto aparenta; ele te faz ganhar mais experiência.
Por isso, confira abaixo o que a nossa equipe achou desse game fantástico!
A história de Sifu
Ao jogar Sifu pela primeira vez, você acredita estar munido de uma certa sabedoria. No entanto, posso dizer que até mesmo na vida, isso não é bem assim.
O gameplay inicial te leva a jogar o que chamamos de "Incidente Incitante" da história. Quando tratamos de roteiros e narrativas, esse incidente é basicamente o fato e a causa primária de tudo o que se segue na história.
Já vimos algo similar em The Last of Us, quando o Incidente Incitante de Joel é perder a própria filha. Em Sifu, embora diferente, te faz ter uma perspectiva completamente diferente do enredo: vingança.
No mais, para não estragar essa experiência, o que optamos por dizer é justamente que se trata de um estudante de Kung Fu que dedica a sua vida — quase que literalmente — na sua trilha por vingança. Não há aliados, é você e sua vingança contra todos em uma cidade cheia de perigos.
Basicamente, a história é fortemente inspirada no mestre em artes marciais Pai Mei. Segundo as histórias, ele teria foi um dos cinco sobreviventes do incêndio de um monastério Shaolin, provocado pelos manchus em 1768. Ele também é considerado um dos vilões mais notórios das artes marciais, apontado como o culpado por uma das maiores tragédias de toda a história do Kung Fu, quando teria traído o templo Shaolin do Sul.
Tendo essa inspiração como base, fica impossível não ter uma certa animação para ir desvendando os segredos de Sifu partindo de becos sórdidos a salões de torres corporativas. Sendo assim, seu caminho já está traçado, mas o preço a ser pago pelo fracasso é o tempo.
Os golpes de Kung Fu em Sifu
Sifu brinda seus jogadores com uma mecânica de Kung Fu que oferece uma vasta possibilidade de golpes: ao todo, são mais de 150 movimentos únicos; e não se enganem: a luta é bastante difícil. Não só no aspecto de vastidão de golpes, mas em qual usar na hora certa.
Assim como a própria arte do Kung Fu não é fácil de ser dominada, requer um trabalho do corpo e da mente, eu senti que os desenvolvedores tentaram trazer essa mesma essência para o gameplay.
Não é sobre apertar botões despretensiosamente, não é um Hack n' Slash. Sifu sobre ter a paz de espírito de lidar com o desconhecido e vencer seus medos, assim como a arte do Kung Fu.
A mecânica de morte em Sifu
No que diz respeito a morte em jogos, ela geralmente é punitiva. Tirando Sekiro Shadows Die Twice, em que você talvez tenha uma chance de encarar a morte de perto — mesmo que o jogo seja sofridamente difícil —, Sifu vai um pouco mais além.
A princípio não há morte. Ao atingir o máximo do slider de stamina (também similar a Sekiro Shadows Die Twice), o personagem fica muito mais vulnerável a ataques, o que faz com que sua vida vá se esvaindo à medida que os goles são acertados.
Chegando em 0, um contador de mortes é exibido na tela. E ao, regressar da morte, esse número é adicionado à sua idade, e isso tem um impacto enorme no game, porque você vai envelhecendo à medida que morre.
Não deixe o contador de mortes muito alto; isso será prejudicial ao seu progresso.
Se você não vencer quem te matou, o contador só vai subindo, e quanto mais vezes você morre, mais velho vai ficando. É claro que isso tem um limite, que é de 70 anos, mas ainda assim, quanto mais perto você fica dessa idade, mais fácil é tender para o game over, onde todo o progresso do cenário será perdido.
Também é importante ressaltar que, à medida que o personagem vai envelhecendo, seus ataques serão mais poderosos, mas isso tem um preço: você terá menos vida pela frente.
Árvore de habilidades
Como todo bom game, Sifu tem uma árvore de habilidades que pode ser acessada no Lobby antes de ir para uma área, ou após a morte. O bom disso, é que você pode ganhar pontos para gastar enquanto está vivo.
Caso morra, pode se aprimorar e usá-los contra o oponente que te derrotou. Isso é um ponto-chave que deve ser explorado pelos jogadores que querem embarcar nessa jornada.
Mas e aí, Sifu vale a pena?
Sifu é sim, um game sobre vingança, mas sobretudo, um game sobre aprendizados. Assim como uma arte marcial, ele oferece uma mecânica que não é aprendida da noite pro dia. Demora um certo tempo até que você pegue o jeito e domine-a.
Mas não se engane: as semelhanças com um jogo de uma franquia souls não tornam ele nem de longe um jogo punitivo. Particularmente, eu acho que ele é punitivo do jeito certo.
Mas, acho que o que mais encheu meus olhos em Sifu foi justamente o fato de como as artes marciais e os demais elementos são explorados no game. Não só os cenários são maravilhosos, mas todas as interações são bem pensadas. O level design é criativo e te permite algumas escolhas diferentes do "caminho principal".
Isso valoriza bastante o backtracking. Porque você não volta só para coletar itens deixados para trás, mas como você provavelmente vai repetir o mesmo nível muitas vezes, você pode cortar o caminho de vez em quando, à medida que vai desbloqueando algumas áreas.
Como tive o prazer de jogá-lo em um PS5, fui brindado pela experiência dos chamados sensores hápticos, que oferecem experiências sensoriais diferentes, como sentir a chuva caindo no personagem, ou um rádio ligado, o a sensação do vento no personagem.
Todos esses detalhes fazem com que Sifu seja grandioso, artístico e técnico, assim como o Kung Fu!
Tendo isso em vista, meu veredito é que sim, Sifu vale muito a pena. A única ressalva é que ele tem uma curva de aprendizado maior do que o habitual — mas como dito acima, isso não é algo ruim, faz parte da mecânica de tentar se assemelhar a uma arte marcial.
Portanto, não vá com sede ao pote, como eu fui algumas vezes, a melhor experiência é observar o cenário, desviar, atacar na hora certa, e sentir toda a arte que o Kung Fu tem para te ensinar ao longo da vida (no caso do game, isso se torna bastante literal).
Sifu já está disponível para PS4, PS5 e Epic Games Store. Este review foi feito utilizando uma cópia de PS5 gentilmente cedida pela Sloclap.