A Netflix foi um sucesso, e o motivo disso é bem simples: ela unia todas as tribos em um lugar só. A Netflix foi uma grande responsável pela diminuição da pirataria, pelo fato de que as pessoas passaram a ter preguiça de procurar sites alternativos e que funcionassem. Pagar R$ 19,90 na época que o serviço chegou ao Brasil, era uma saída bem viável.

O serviço de stream reuniu tudo que muitas pessoas queriam ver em um lugar só: filmes, séries e desenhos. Títulos para todos os gostos, e isso facilitou nosso comodismo de procurar outros lugares. E ainda por cima consumimos conteúdo original, pagando os direitos de imagem.

Para entender um pouco essa questão, precisamos entender primeiro algumas coisas:

Como a Netflix ganha dinheiro?

Netflix

A gente sabe que a Netflix está atolada em dívidas, mas é uma empresa que cresceu muito, e apostou alto em produções próprias. Então o modo dela ganhar dinheiro é bem simples: inscrições.

Hoje em dia a assinatura está R$ 29,90 no país, e US$7.99 e US$13.99 nos EUA. Isso totaliza US$950 milhões por mês.

Então nem precisa ser de exatas pra ver que isso é muito dinheiro. Claro, isso fez com que gente que não tava nem aí passasse a estar aí, tipo a Amazon, que fez seu serviço Amazon Prime (The man in the High Castle). Temos também Hulu, também apareceu e nos brindou com The Handmaid's Tale (O conto da Aia).

Ok, ok, até aí temos 3 streams para assinar, e isso é um problema.

Separação da Disney e Netflix

Disney Streaming Device

A Disney e a Netflix tinham uma relação amistosa, enquanto a Netflix fazia séries muito boas sobre alguns aspectos não mostrados pela Nova York do MCU, tais como Jessica Jones, Demolidor, Luke Cage, Punho de Ferro e Justiceiro, que são temáticas mais adultas. Porém, enquanto estivesse gerando receita, a Disney estava de boas.

Mas aí veio o baque, que foi quando a Disney decidiu romper os contratos para poder fazer tudo no seu novo sistema de stream.

Com isso serão 4 serviços de streaming que teremos que assinar pra poder ver tudo o que a gente gosta.

O boom

Pra piorar a situação, um novo estudo mostra que, após anos de declínio, o uso da plataforma BitTorrent e o de outros sistemas de pirataria digital de vídeo está crescendo novamente. Então, a situação já estava ruim, só que fica pior ainda, porque os culpados são as próprias plataformas de streaming.

Segundo o relatório Global Internet Phenomena, da Sandvine, tais serviços vêm investindo fortemente em contratos de exclusividade, o que força os consumidores a terem de assinar várias plataformas diferentes para encontrar seu filme ou série favorita.

Então, com isso, a gente volta a questão do início desse texto que vai além da preguiça. O usuário desse sistema não tem condição de manter 4 sistemas de streaming, e acaba optando por um ou dois, e o resto ele acaba procurando maneiras alternativas de conseguir acesso a esse conteúdo.

Segundo o relatório, 22% do tráfego mundial da internet corresponde a uploads de arquivos compartilhados, com 97% desse tráfego vindo do BitTorrent, plataforma que permite ao usuário baixar arquivos via torrent.

Em 2011, que foi o auge da pirataria no mundo, e principalmente no Brasil, o BitTorrent representava 52% dos uploads na América do Norte e, em 2015, a participação caiu para 26,83%. Isso aconteceu devido ao aumento da qualidade e alternativas das plataformas de streaming, que batiam de frente com a pirataria.

Essa tendência de queda, vem sendo ligeiramente revertida graças ao novo crescimento do BitTorrent, especialmente no Oriente Médio, Europa e África. Nessas regiões a plataforma responde por 32% de todo o tráfego de uploads.

Números preocupantes

Como se não bastasse isso, a Netflix caiu para 15% de todo o uso de dados no serviço de streaming ao redor do globo. Esse número aumenta mais ainda, se pegarmos a informação de todas as Américas, 19,1%.

Em termos totais, no que diz respeito a streaming de vídeo, são 58% toda a quantidade de dados no mundo. E isso é muita coisa.

É claro que as empresas vão querer uma parte dessa fatia, grande e gorda e lucrativa. Mas vamos lá, ter lucro aqui não é o problema.

Nas Américas a Amazon Prime subiu para 4º no ranking de streaming de vídeos, com seus 8%.

Você percebeu que esse mercado definitivamente tem muito potencial, né? Pois é, as empresas também.

O problema

"Ter acesso a todos esses serviços fica muito caro para o consumidor, por isso eles estão assinando um ou dois e pirateando o resto", afirma Cam Cullen, diretor na Sandvine.

Estudos mostram que boa parte, se não todas as grandes emissoras dos Estados Unidos querem iniciar seu próprio serviço até 2022. Isso porque a plataforma da Disney não saiu ainda, mas está prevista para sair esse ano.

Esse aumento de dados de download do BitTorrent demonstra claramente que esse tipo de atitude não está sendo vista com bons olhos pelos consumidores, e a pirataria tende a aumentar ainda mais.