Dando continuidade à nossa resenha oficial da primeira noite do Odin’s Krieger Fest, que ocorreu no último dia 18 de Julho na cidade de Limeira, interior de São Paulo, chegamos finalmente aos headliners da noite: Wind Rose, a banda pioneira de Dwarf Metal fez seu aguardado debut em terras brasileiras e trouxe um show tecnicamente impecável, regado a muita diversão e carisma.
O Odin's Krieger Fest, para quem ainda não conhece, é um já tradicional festival de música e cultura euro-medieval que estreou na capital Paulista há 13 anos e, tal como outras coisas na Europa durante a idade média, rapidamente ganhou força e se espalhou por outras cidades. O local escolhido para prestigiar a chegada dos filhos de Dúrin foi o Mirage Eventos, parada obrigatória para grandes nomes do Rock e Metal que são sempre muito bem recebidos pela Circle Of Infinity Produções, que entre outros nomes de peso já trouxe Tarja Turunen, Moonspell, Riot V e Sonata Arctica para fazer a alegria dos paulistas.
Com a casa ficando cada vez mais cheia e após a boa recepção do competente Hard/Heavy da banda Dogma (leia nossa resenha completa), a ansiedade para a atração principal da noite era palpável: Um público bastante diverso, contendo Elfos, Halflings, Anões, Magos, e Humanos dos mais variados, afiava suas picaretas para o que prometia ser um grande evento. Às primeiras notas do instrumental Of War and Sorrow o carismático quinteto subiu no palco do Mirage sob uma salva de palmas, gritos efusivos e emoção dos fãs que há anos ansiavam por vê-los de perto. A emoção foi imediatamente retribuída pelo vocalista e bona fide showman Francesco Cavalieri, que prontamente deu início aos trabalhos com a poderosa Army of Stone, a primeira de muitas pedradas que seriam cantadas em uníssono pela plateia, logo seguida por Fellows of The Hammer e a divertida ode etílica Drunken Dwarves selando uma entrada triunfal para o delírio da plateia.
Os italianos do Wind Rose não apenas são músicos fenomenais, como também extremamente carismáticos, apresentando um show equilibrado e com evidente química entre si. Apoiando Cavalieri, um barítono de extensão e projeção vocal arrepiantes, Wind Rose conta com riffs e solos executados com maestria pelo guitarrista Claudio Falconcini (quem não poupa esforços para interagir com os fãs, chegando a convidar um sortudo guerreiro da da grade para dar uma rápida palhinha), os divertidos tecladista Federico Meranda baixista Cristiano Bertocchi, que dividiam as atenções do público com sorrisos, danças, e vários momentos de interação entre si e com os demais membros da banda e com a plateia, e o caçula da banda no comando da bateria, Federico Gatti, que se juntou à trupe em 2018.
Aqui vale mencionar também dois aspectos do show que são tão fundamentais para uma experiência inesquecível quanto habilidade musical: A organização do Odin’s Krieger Fest deu um show de eficiência na montagem do palco, fazendo a transição entre o ato de abertura (Dogma) e os headliners da noite de forma rápida e bem-organizada, e a qualidade sonora apresentada por ambos os atos também foi excelente. Com uma mixagem e volume na medida, foi possível curtir os shows com conforto e clareza, o que agregou bastante qualidade ao evento e vale os parabéns aos técnicos envolvidos.
Dando continuidade a uma noite animada que estava só começando, os italianos trouxeram uma seleção de clássicos da sua ainda breve discografia, enfileirando Mine Mine Mine!, Gates of Erkund e a imperdível The King Under the Mountain, para o delírio da plateia que entoava os refrães com a dedicação que um show desses merece. Sob o comando de um Mestre de Cerimônias imponente, o Mirage Eventos brevemente se converteu em uma filial da Terra Média e entoou incansável a poderosa sequência de The Battle of the Five Armies, The Art of War e Tales of War e culminando na apoteótica Together We Rise.
Após uma breve pausa para recobrar o fôlego, Cavalieri convida a plateia a pegar seus machados, pás, picaretas e sapatos da dança, e - era chegada a hora do clássico Diggy Diggy Hole, e não sobraria pedra sobre pedra, tampouco uma alma parada sem pular e dançar. Da grade aos camarotes, de roadies aos funcionários do bar, a casa foi tomada de assalto pela energia e pelo refrão-chiclete da divertidíssima canção. Com uma dobradinha surpresa da versão “Dance Remix”, Wind Rose reafirmou seu compromisso de fazer daquela uma noite inesquecível.
Para o bis, a banda trouxe a melancólica Tomorrow Has Come, que apresenta uma impressionante harmonia vocal e um crescendo emocionante, e a épica I Am The Mountain, que encerrou o show com chave de ouro - mas os italianos do Wind Rose ainda trariam mais uma inesquecível surpresa para o seu primeiro show no Brasil: Um segundo bis no qual a banda retribuiu o carinho da plateia com a primeira performance ao vivo de Rock and Stone, uma estreia surpresa para o deleite e privilégio dos presentes na primeira noite do Odin’s Krieger Fest 2024 que encerraria uma noite de música, dança, bebida e muita vontade de vê-los de volta ao Brasil - uma banda dessa estatura merece palcos cada vez maiores e está no caminho certo para cavar uma fanbase cada vez maior e mais fervorosa. Confira a seguir o setlist de Limeira:
1. Of War and Sorrow
2. Army of Stone
3. Fellows of the Hammer
4. Drunken Dwarves
5. Mine Mine Mine!
6. Gates of Ekrund
7. The King Under the Mountain
8. The Battle of the Five Armies
9. The Art of War
10. Tales of War
11. Together We Rise
12. Diggy Diggy Hole / Diggy Diggy Hole (Remix)
13. Tomorrow Has Come
14. I Am the Mountain
15. Rock and Stone (Premiere)