O mais recente jogo da Bioware, Anthem foi lançado oficialmente no dia 22 de fevereiro. Um jogo que desde a E3 2018 prometia estremecer as estruturas do shooters online.

Quando anunciado, Anthem foi vendido como uma evolução do shooter loot, com mecânicas únicas. Além de você pilotar um exoesqueleto maneiro, o jogo possui um universo lindo, cheio de vida e diversidade e foi exatamente o que foi entregue pela EA/BioWare. Anthem é um jogo onde não só as mecânicas, mas todo o visual do personagem e seu mundo são fascinantes e dignos de parar o gameplay só para observar toda a sua criação.

O Mundo

Anthem se passa em um mundo chamado Bastion, um universo muito belo e diverso, suas paisagens são de tirar o folego, flora e fauna bem diversa, um prato cheio para os olhos daqueles que são aficionados por um cenário bem construído. Em Bastion você não vai encontrar humanos, pois o mundo é muito hostil para os seres humanos, seja em decorrência da fauna, seja pelo risco dos ecos do Hino da Criação, algo criado pelos deuses tão poderoso que pode consumir não só a sanidade mas a própria essência de quem se aproximar.

Voar é algo que realmente foi bem pensado e implementado. É útil, não é infinito, e ainda por cima você precisa manter sua Lança resfriada. Se usar o voo por longos períodos, ela irá super aquecer e irá te derrubar. Ambientes frios e úmidos auxiliam no gameplay! Essa interação com o ambiente é muito legal e muito bem aplicada.

Alguns exemplos: passar com a Lança quase no limite de temperatura em uma queda d’água de uma cachoeira resfria por completo, voar próximo do espelho d’água de um rio mantem/diminui a temperatura e por ai vai. E não apenas o ato de voar em si, as interações que você pode fazer flutuando, como por exemplo, planar sobre o ar, tendo uma maior visibilidade do ambiente, dos inimigos e podendo usar armas com maiores vantagens e principalmente poderes.

A história

A história do jogo, seu enredo central, não aproveita bem toda essa construção do mundo que nos é apresentado. E isso junta um inimigo raso, sem grandes aprofundamentos que, por algum motivo, é absurdamente poderoso, e ele está recolhendo relíquias misteriosas para ficar mais absurdamente poderoso ainda. Se ele já não fosse poderoso o suficiente, ele possui um grupo, o Dominion, precisa ser impedido. No jogo é possível jogar com um mercenário freelancer, uma espécie de "mercenário do bem". Equipado com sua armadura Lança, o personagem aceita missões variadas em troca de dinheiro em um perigoso mundo inóspito. Não demora muito para seus talentos serem notados por representantes importantes do governo e dos militares, então você acaba envolvido na trama contra os vilões.

É possível encontrar inúmeros itens que acrescentam páginas e mais páginas ao Codex, que funciona basicamente como uma enciclopédia de Anthem. Não apenas os aspectos do mundo do jogo e do funcionamento da sua sociedade, mas também biografias pessoais para personagens, dos mais centrais aos coadjuvantes, podem ser encontradas para depois serem lidas. Dá pra passar umas boas horas apenas com o texto em Anthem.

Uma coisa que acaba contribuindo muito para a história ficar menos impactante é que ela é muito "deslocada" do gameplay. Existem os momentos realizando as missões com armadura no mundo aberto do jogo, e depois tem os momentos de história, andando pelo Forte Tarsis com a perspectiva em primeira pessoa e conversando com os NPCs. Existe uma sensação de que parece que tá tudo bem, e isso é potencializada pela atitude da maioria dos personagens, fazendo piadinhas e se comportando, no geral, como se estivessem num filme de ação pra toda a família.

E, sendo um jogo da BioWare, Anthem conta com um sistema de escolhas em seu diálogo. Mas, diferente de outros games da empresa, as escolhas não servem pra quase nada. Muda somente o que o seu personagem fala e um pouco da resposta que você recebe. Além do fato da maioria das conversas com NPCs serem completamente opcionais e dispensáveis. Isso potencializa o quanto o enredo do jogo e o gameplay estão basicamente deslocados.

As Lanças

Existem 4 tipos de Lanças, cada uma com animações, movimentação, velocidade e habilidades diferenciadas. Automaticamente na primeira missão do jogo a primeira lança é a Ranger, Lança de mais fácil adaptação ao jogo e com defesa e ataque equilibrados.

Além dela, existe o Colossus, tank para aqueles que curtem um personagem pesado, com muita resistência e vida e foco no combate a curta distância. Colossus não consegue usar armas de pequeno porte, como sub-metralhadoras e pistolas.

Storm é a classe focada em cinética. Com ela, é possível plana por muito mais tempo no ar do que qualquer outra, podendo ter uma visão mais abrangente do combate, principalmente se não há inimigo voador por perto. Porém, o combate corpo a corpo de Storm não é dos melhores.

E a Interceptor. Ideal para usar armas de longa distância como snipers. Esta classe tem um charme diferente, é extremamente rápida e possui um ótimo combate corpo a corpo, de enfrentamento mesmo. A defesa, por outro lado, é meio fraca, mas a agilidade compensa podendo se afastar do caos, recuperar vida, e voltar ao combate novamente.

O jogo é sempre online

O problema em si do jogo online, não é ele ser totalmente online. O problema do jogo online é que todas as instabilidades da rede, fora a própria questão de conexão podem trabalhar todas ao mesmo tempo para estragarem uma experiência.

Os problemas de Anthem ser extremamente oline vão além disso, como por exemplo o balanceamento dos times. O jogo possui problemas no matchmaking. Não é raro pegar membros na squad com níveis extremamente discrepantes, tanto pra cima, quanto pra baixo, fazendo com que jogadores níveis baixos, que não desenvolveram a história do jogo façam parte da sua missão e sua narrativa, podendo receber spoilers.

Então, vale a pena?

Anthem possui muitos problemas, a Bioware até corrigiu algumas, porém o jogo realmente precisa de muitas correções. O hype gerado em cima foi muito grande, pontos fortes fizeram valer a pena o gameplay e todas as horas de jogo. Porém, o jogo possui problemas,e alguns problemas foram muito críticos, como as separações drásticas entre o enredo e o gameplay, a questão de que interações de diálogo não mudem rumos de história, fora os bugs enormes que o jogo possui.  
No geral o jogo vale a pena apesar do preço relativamente salgado e no médio prazo correções e as futuras expansões farão de Anthem alçar vôos mais altos.
Nota 7/10