As declarações impróprias de Pedro “LEP” Marcari, ex-jogador da RED Canids Kalunga, sobre Julia “Mayumi” Nakamura, jogadora de LoL da INTZ, reacenderam a discussão sobre o assédio no competitivo.

Durante uma live no dia 25 de janeiro, o streamer LEP leu um comentário que perguntava “Foi você que passou a ideia para a rapaziada passar a mão no saco depois de cumprimentar a Mayumi na Superliga?”. Depois de rir, LEP responde, “Depois? Tem que ser antes pelo menos, né?”.

Mayumi, alvo do comentário, respondeu rapidamente perguntando “O que será que passa na cabeça de um cara de 25 anos dando ideia de “passar a mão no saco” antes de cumprimentar uma menina de 17?”. Ela declarou que levará o caso para a  justiça e está recebendo apoio da sua equipe.

Nesta segunda feira, a INTZ, equipe da qual Mayumi faz parte, publicou uma nota de repúdio oficial à atitude de LEP:

O INTZ vem por meio desta manifestar nosso veemente repúdio ao ato cometido pelo Sr. Pedro Marcari em relação à nossa...

Publicado por INTZ em Segunda-feira, 27 de janeiro de 2020

Apesar de todas as partes terem se posicionado rapidamente sobre o assédio, ainda surpreende a facilidade com que LEP responde a pergunta claramente inapropriada de seu seguidor. É assustador pensar que quando se reúnem, os jogadores profissionais do CBLoL discutem sobre a ideia de “passar a mão no saco” antes de cumprimentar Mayumi, uma das únicas jogadoras mulheres do cenário. Mais assustador ainda é o fato de ninguém notar que é esse tipo de assédio que afasta as mulheres dos campeonatos profissionais.

Mayumi estreou durante a Superliga ABCDE no final de 2019, ao invés de se sentir acolhida ela tem que se perguntar onde esteve a mão de quem a cumprimenta. Fica claro que a recepção às jogadoras ainda está bem longe do ideal, e que situações de assédio ainda são comuns.

O ex jogador da Red Canids se desculpou pelo Twitter, por meio da conta LEP139, informando que acabou entrando na  “brincadeira” de um seguidor mas que não concorda com a atitude. Apenas depois de refletir Lep foi capaz de entender que  “acabou” assediando alguém.


A verdade é que é muito simples deixar essas “brincadeiras” passarem e serem esquecidas. Mayumi, é afinal, ainda uma minoria, a única jogadorA durante a Superliga ABCDE, a única jogadorA do CBLoL, e uma das poucas a ter desbravado o competitivo de LoL. Ela está cercada por colegas do sexo masculino que deveriam refletir com mais frequência sobre o que falam, por que assédio NÃO é brincadeira, e essa realidade de misoginia no mundo dos games tem que acabar.

Fica o ditado: vai ter menina no profissional SIIIIMMMM