Museu do Inusitado oferece ateliê de música, poesia e artes visuais a artistas da periferia de SP
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Um verdadeiro ateliê artístico, onde diferentes artistas da periferia se encontram, proporcionando um momento de troca e aprendizagem pautado na tradição, oralidade e ancestralidade expressos na música, na poesia, na arte visual e em outras manifestações culturais. Assim podemos definir o coletivo Museu do Inusitado. Com um espaço criado oficialmente em 2015, entre as regiões do Capão Redondo e Jardim São Luís, em São Paulo, o Museu surgiu a partir da necessidade de uma infraestrutura para ensaios e reuniões de artistas e produtores culturais do entorno.
Conhecido como ponto de encontros e articulações de diversos coletivos e movimentos culturais, o local disponibiliza equipamentos de som, computadores e mais de 30 instrumentos musicais para práticas e interações artísticas de seus frequentadores. “Por terem nascido ou morarem na região, todos os membros do nosso coletivo a conhecem muito bem, o que facilita nosso trabalho de transformação para levar cultura aos locais não contemplados pelos poderes público ou privado”, afirma o músico-educador, artista e produtor de eventos Luís Vitor Maia, idealizador e fundador do Museu do Inusitado. Ele explica que a escolha do nome do coletivo se deu para associar museu à arte viva e inusitado à diversidade artística acolhida no espaço.
No decorrer de sua história, o local já recebeu artistas do Brasil e outras partes do mundo, proporcionando oficinas presenciais e online, sarau (momento de integração entre as artes plástica, urbana, corporal, poética e musical), confecção de instrumentos musicais e muitas outras atividades que visam inspirar e potencializar os agentes da cultura periférica. Além disso, todas as terças-feiras, o espaço cultural está aberto ao público para encontros e pesquisa musical, improviso de arranjos e apreciação artística.
Gravação de coletânia audiovisual
Embora o coletivo tenha oficializado o seu espaço em 2015, ele completa dez anos de atuação, neste ano de 2022 e, para celebrar, no dia 20 de março, promoverá uma coletânea audiovisual com vários artistas que participam do coletivo ou que passaram por ele. “Nós estamos buscando subsídios para darmos continuidade ao nosso fazer artístico, levando nossos shows e saraus para outros espaços”, afirma Luis Vítor.
A primeira gravação, no dia 20, será de um jongo, dança brasileira de origem africana que é realizada ao som de tambores. “Trata-se de uma manifestação cultural que nos proporciona um resgate da história e tradição”, afirma Luis Vítor. Brincadeiras infantis e cantos indígenas também integrarão as gravações da coletânea, cujo objetivo é dar visibilidade aos artistas da periferia, respeitando e registrando, conforme afirma o músico-educador.
Ele também ressalta a busca do coletivo por um aprimoramento da qualidade das gravações para que o espaço, além de ser uma referência local para estudos e ensaios artísticos, se transforme também em uma referência para gravações. Há alguns anos, muitos artistas precisavam se deslocar até o centro para gravarem em estúdios, hoje este cenário está mudando, mas ainda vivemos uma grande desigualdade social marcada, por exemplo, pela falta de opções culturais em regiões da periferia.
“Por isso, nossa missão é disponibilizar um espaço gratuito, que possibilite não apenas o encontro artístico e musical a crianças, jovens e adultos, mas que também esteja focado em valorizar e potencializar grandes artistas, muitas vezes invibilizados na sociedade, em razão da falta de recursos financeiros e estruturais para alavancar suas carreiras”, conclui Luís Vitor.
Confira abaixo os integrantes da gravação da coletânea audiovisual no Museu do Inusitado:
Mindú Saion: cantor e compositor. Possui trinta anos de carreira, tocou em diversas bandas que vão desde o rock ao samba rock. Dividiu palco com artistas nacionais e internacionais, como Cidade Negra, Zeca Baleiro, Israel Vibration entre outros.
Tiago Salis: compositor, performer, professor, produtor cultural. Criador do Na Peleja, projeto musical que aborda a temática da experiência andante e quixotesca, explorando em canções próprias os diversos ritmos populares brasileiros.
Essory Menezes: cantora e compositora, toca violão, gaita e escaleta. Tocou em bandas de vários gêneros musicais, entre eles rock, blues, soul e rap. Está sempre buscando as diversas sonoridades que a música negra pode fornecer.
Alomia MC: rapper colombiano. MC e produtor de beats, Alomia integrou projetos tal como: Pretos family e Sangara. Desde 2012 vem atuando no intercâmbio cultural e musical em que conecta rappers da América Latina e fortalece a cultura do hip hop em suas variadas ramificações na Diáspora.
Martinha Marta Moura: começou se destacar como Backing Vocal, no grupo 509-E no ano de 2000, e fez parcerias de palco com vários grupos de rap, inclusive o Racionais MCs. Tornou-se Pastora e Ministra do Evangelho de Jesus Cristo, seguindo na música como cantora gospel e pregadora.
Wesley Barbosa Rodrigues: estudante de Jornalismo da UNESP Bauru, administrador, produtor visual e artista do Instagram @rabisco.arisco há dois anos. Músico, desenhista, pintor, poeta e cantor autodidata.
Brincaderia: coletiva de mulheres que desenvolve um trabalho multidisciplinar na perspectiva das culturas afro-brasileira e indígena, realizando contação de história, musicalização e brincadeiras de rua, respeitando o lugar de fala das crianças e dando espaço para o protagonismo infantil
Sonzando: grupo criado com o intuito de transmitir, através da brincadeira, o respeito e a consciência sobre o meio ambiente e a cultura popular ainda pouco difundida ao público em geral de maneira leve e poética, trazendo interação entre a música e objetos que nem sempre são considerados musicais ou adequados.
Aldeia Takuá Ju Mirim: oriunda da Aldeia Tekoa Yrexakã, localizada nas proximidades do rio Capivari, principal rio da Ti Tenondé Porã e famoso por suas águas cristalinas e corredeiras em meio às áreas de Mata Atlântica. Muito procurada para atividades de ecoturismo e turismo de aventura, como a realização de trilhas que levam aos muitos pontos de banho e cachoeiras ao longo do rio Capivari.
Candongueiros do Campo Limpo: coletivo da periferia da cidade de São Paulo, residindo no bairro homônimo, que se reúne com o objetivo de investigar, aprofundar e vivenciar as culturas negras de tradição, fazendo um recorte específico nas tradições jongueiras.
Gravação e Edição:
Téo Ponciano: captação de áudio Mix e Master das gravações.
André Luiz: responsável pelas imagens e edição das imagens. Coordenador de projetos sociais, formado no instituto Criar de Tv e Cinema, fundador da TV DOC CAPÃO.