Machismo no LCL Spring Season e a questão de gênero no mundo dos jogos
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No dia 10/02 deu-se início ao League of Legends Continental League (LCL) Spring Season, em que 8 times disputam seu lugar tanto no torneio pós-temporada quanto na Summer Season.
Na primeira semana das cinco que compõem o torneio, no sábado (16) e domingo (17), houve uma situação desconfortável de machismo direcionada ao único time feminino da liga.
O time Vaevictis é o primeiro time a ter um line-up composto somente por mulheres a disputar um torneio oficial da Riot. No sábado (16), o time enfrentou a RoX que, no momento de pick and ban, excluíram alguns campeões suporte, dando a entender que mulheres só conseguem jogar nesta classe e não apresentavam ameaça nenhuma ao time.
No domingo (17), a Vaevictis jogou contra o time Vega Squadron. Este teria propositalmente prolongado a partida, sem mostrar plano estratégico, o que a Riot considerou como comportamento antidesportivo.
Ambos os times foram comunicados que, havendo reincidência, podem sofrer punições mais graves, porém não foi explícito quais seriam as punições que receberiam no momento.
Não é a primeira vez que ocorre algo do gênero com mulheres em competições, vide o caso de Júlia "Cute" Akemi, que foi culpada pela perda da equipe CNB na SuperLiga de League of Legends contra a ProGaming.
Mesmo que a razão entre jogadores e jogadoras seja quase de 50-50 ao redor do mundo, perdendo apenas para o Japão, que em um pesquisa de 2013, determinou que mais de 60% das pessoas que consumiam jogos eram mulheres, esta atitude machista é corriqueira no cenário de jogos e pode ser ligada ao fenômeno gatekeeping.
O gatekeeping ocorre quando alguém ou um grupo de pessoas toma para si o direito de decidir quem tem acesso ao o quê, fenômeno comum no mundo geek. Em jogos, gatekeeping ocorre principalmente direcionado à mulheres por meio de provocações como as que ocorreram no torneio e perguntas sem sentido visam "desmascarar" a fake geek girl. Muitas mulheres já relataram que preferem fingir que não conhecem algo para evitar a avalanche de perguntas que recai sobre elas.
Esse fenômeno vem da antiquada ideia machista que mulheres não se interessam por este tipo de entretenimento e que, se jogam, não são gamers reais. O que levanta a dúvida: O que compõe um "verdadeiro" gamer?
De acordo com a pesquisa publicada por Nick Yee, co-fundador da Quantic Foundry, empresa de análise de jogos, a quantidade de mulheres que jogam é de 41% em um amplo aspecto. Ao dividir o número por gênero de jogo, os com maior porcentagem são os destinados a telefone celular, seguidos por single players.
As taxas baixas para FPS e esportes podem ser explicadas pela falta de personagens femininos nos jogos, vide o alto número em RPGs que, normalmente, permitem que se crie o próprio avatar e a alta taxa de mulheres que jogam Overwatch que, mesmo sendo FPS, possui uma razão de personagens do sexo masculino e feminino equilibrada.
Mesmo que os dados pareçam simplórios, mulheres pertencem ao cenário desde a invenção da programação por Ada Lovelace em 1842, até um dos jogos mais famosos de arcade, Centipede, em 1983, programado por Dona Bailey.
Em 2014, estimou-se que 22 milhões de mulheres estavam engajadas em um gênero de jogos, tornando-se jogadoras ávidas e devorando a maioria dos jogos lançados. Qual o gênero? Dating Simulators.
Um gênero que começou em 1980 voltado para homens (bishojo games), passou por uma revolução em 1994, quando um time composto somente por mulheres, lançou o primeiro dating sim destinado a garotas, Angelique, criando um novo gênero chamado otome games.
O gênero, inicialmente, foi destinado a garotas na faixa etária de 12 aos 17 anos, porém a fama cresceu, inesperadamente, em meio ao público adulto jovem. Um jogo de exploração, em que a personagem principal necessita desenvolver sua relação com outros personagens ao longo do jogo, decidindo, por fim, quem será seu par romântico.
Soa familiar? As franquias Mass Effect e Dragon Age também possuem esse enredo em meio ao principal, coincidentemente sendo jogos com uma fanbase feminina larga.
Pesquisas anteriores da Quantic Foundry também verificaram que mulheres procuram jogos com sensação de conclusão (coletar colecionáveis e completar missões) e fantasia, como mencionado anteriormente sobre RPGs. Homens, no entanto, são mais atraídos por gêneros competitivos e destrutivos, vide a larga fanbase masculina em jogos como Halo e Counter Strike (CS), permitindo um perpetuamento da toxicidade masculina facilmente encontrada em meio a gamers.
"Nossa, uma menina gamer é tão raro."
O ambiente de games, usualmente os servidores online, são locais os quais mulheres costumam evitar por comentários tóxicos e a facilidade com a qual o assédio chega até as mesmas. Chega a ser hipócrita como as mulheres são expulsas dos servidores de jogos, sofrendo assédios constantes enquanto os hits para boobie streamers crescem e frases como a acima são constantemente ditas.
As empresas de jogos disponibilizam meios para banimento, bloqueio e suspensão de usuários que cometam qualquer tipo de discriminação e/ou assédio, porém, na maioria das vezes, os casos não são avaliados e a vítima é obrigada a se retirar da mídia. Ameaças de estupro são as mais comuns direcionadas às mulheres.
Esperamos que a equipe Vaevictis não se sinta intimidada pela clássica amostra de misoginia e que consigam abrir espaço para outras equipes femininas.
Abaixo, uma lista de jogos que possuem grande fanbases femininas, aclamados pela mídia e, não necessariamente, desenvolvidos com o público feminino como alvo.