Análise Far Cry 6 : Derrota após derrota até a vitória final

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Far Cry 6, foi lançado no último dia 6 de Outubro para Xbox One, Series S|X, Playstation 4 e 5 além de PC. O sexto jogo da franquia acerta em cheio na jogabilidade em meio a algumas escolhas equivocadas.

A franquia Far Cry é notoriamente conhecida por seus vilões icônicos, desde o insano Vazz de Far Cry 3 até o fanático religioso Joseph do quinto jogo, os personagens são intensos e com uma carísma fora do comum, em Far Cry 6 a Ubisoft escolheu Giancarlo Esposito para encarnar o ditador Antón Castillo, que comanda a ilha caribenha de Yara com punhos de ferro.

Em Far Cry 6 encarnamos Dani Rojas, que o jogador pode decidir ser A Dani ou O Dani, algo que eles pegaram emprestado do último Assassin 's Creed. O jogo se passa em Yara, uma ilha caribenha onde a Ubisoft  usou de muitas referências para seu desenvolvimento, há muito do que se imagina de Cuba, Haiti e Costa Rica, entre outras nações.

Yara em chamas 

Política e Guerrilha

Por mais que os produtores do jogo digam que tudo ali é fictício e que fatos, pessoas  e lugares que se assemelham com a realidade são meras coincidências, o que não é verdade. Yara é uma versão de Cuba dos desenvolvedores, com alguns toques de religião haitiana. Uma nação devastada por um forte embargo comercial que a fez “estacionar” no tempo, além do seu grande  trunfo ser uma descoberta na área da medicina, a cura para o câncer através da manipulação de uma toxina mortal extraída do tabaco.

Como se deve imaginar, em uma nação que vive em Estado de exceção, a extração é feita com mão de obra escrava, mas não estamos falando da escravidão aos moldes europeus, aqui os inimigos políticos de Antón Castillo são enviados às plantações de tabaco para trabalhar até a morte, quando não são torturados até a morte para que o exército consiga extrair informações sobre os grupos de resistência ao governo Castillo.

O discurso político aqui é fortíssimo, pois é reproduzido os modelos de controle da informação, mídia, discurso ultranacionalista  e principalmente  uso da força aos mesmos moldes de governos nazifascista ao longo da história, como os campos de concentração na Alemanha nazista e na Itália fascista, durante a  Segunda Guerra Mundial (1939-1945), além das ditaduras vividas na América Latina, patrocinadas pelos EUA sob a justificativa de se defenderem contra um “eminente” golpe comunista, aliás que serve de mesmo plot para a subida de Antón Castillo ao poder. Antón Castillo, eleito presidente usa do seu poder para centralizar todas as forças políticas e militares em sua figura, um messias que irá levar Yara ao topo, nem que seja usando pilhas de corpos de yaranos para chegar lá, e se for daqueles que ele chama de “falsos yaranos” melhor ainda.

Onde há tirania, há resistência, em Yara existem inúmeros grupos paramilitares que usam táticas de guerrilha para derrotar Castillo, entre eles está o grupo La Liberdad e sua líder Clara Garcia, onde Dani é recrutada em troca de sua tão esperada passagem só de ida para os Estados Unidos. Os grupos estão divididos, por diferenças de como cada um deles entende como revolução, é papel do protagonista unir todos sob a mesma causa, deixando seus egos de lado para derrotar o fascismo e a tirania.

Cenários paradisíacos

O time da Ubsoft Montreal fez um belíssimo trabalho na ambientação de Yara, os cenários, a iluminação e a natureza na ilha foram criados com maestria, principalmente nos consoles da nova geração ou em um PC equipado com uma GPU capaz de rodar Ray Tracing, porém há um consumo excessivo de VRAM, a versão jogada para escrever este review foi uma RTX 2080 Super e em alguns momentos foi necessário colocar os gráficos em resoluções mais “humildes” para rodar em 60 quadros por Segundo, o que de forma alguma atrapalha a experiência em desbravar a ilha de Yara, regiões montanhosas, cachoeiras praias e prados, a construção da ilha e sua vida selvagem foi muito bem desenvolvido, inclusive a “tonelada” de tubarões que tem naquele lugar, me senti no próprio Shark Week do Discovery Channel.

Nada como um belo por do sol em Yara

A vida selvagem em Yara é abundante e diversa, em determinada região você se vê rodeado de belos Flamingos, outras você é atacado por crocodilos e por Javalis, ou queimado por imensas Águas-vivas, porém a vida selvagem não é tão viva assim, é possível notar que a inteligência artificial pouco foi usada para que a fauna de Yara interaja com o ambiente, estando ali mais para fornecer recursos ao jogador, se você não busca no jogo um campo de caça em nada isso irá influenciar seu jogo, porém se você é daqueles que procura por um mundo mais interativo e que a caça, ou a observação de animais seja uma parte da sua experiência com o jogo, então sem dúvidas é um ponto negativo.

Jogabilidade

Como diz o ditado, não se mexe em time que está ganhando, e Far Cry 6 é exatamente isso, pouco mudou na jogabilidade, segue sendo um bom e clássico FPS de aventura, com muito tiro porrada, facada e bomba, mudam alguns detalhes do seu antecessor para o 6, entre eles está a estratégia na escolha das melhorias das armas ( gambiarras), quanto na escolha das roupas, cada conjunto com suas vantagens e desvantagens. Escolha muito bem seu equipamento pois ele pode decidir o sucesso ou fracasso da missão, e ter que recomeçar do último checkpoint muitas vezes deixa o jogo menos divertido ( a não ser que você seja fã dos Soulslike). Pouco se evoluiu nos comandos e estilo de jogo, o que está longe de ser um demérito, a forma como ele foi desenhado é a assinatura da franquia, desde a toneladas de armas que o jogador pode acumular ao longo da história, quanto suas personalizações a partir de gambiarras.

O uso dos Parças, que são animais para te auxiliar nas missões são bem caricatas, dignas da franquia Far Cry, você começa com um jacaré que sai despedaçando seus inimigos e usa o charmoso e extremamente fofo Chorizo, o basset mais fofo de todo o universo.

Quer relaxar um pouco depois de eliminar alguns soldados, vá pescar

Como dito, houveram algumas mudanças, na verdade adições, no caso do supremo, uma mochila carregada de mísseis com urânio empobrecido, que é capaz de trazer o caos por onde é descarregado, muito divertido de usar porém com um imenso cooldown, então use com parcimônia, outra é o uso do DualSense. A experiência usando o controle do Playstation 5 no pc só é possível se conectado ao cabo, o jogo o reconhece automaticamente, então é só plugar e aproveitar o show. O controle da Sony é capaz de trazer a sensação do gatilho das diferentes armas, por exemplo a pressão do arco ao esticar a flecha antes de disparar contra o exército de Castillo. A direção dos veículos segue exatamente como nos jogos anteriores, então se você já tem alguma familiaridade com a franquia Far Cry, não encontrará dificuldades aqui.

Gráficos

Far Cry 6 foi construído ao redor de um cenário exuberante, aqui o time da Ubisoft acertou em cheio, porém há algumas considerações a serem feitas, quando falamos dos gráficos como um todo o jogo dá uma escorregada, os gráficos deixam um pouco a desejar, principalmente quando estamos dentro de algum veículo e nos é apresentado o painel do carro, ou moto, avião todo desfocado, tira um pouco da imersão do jogo quando os painéis dos transportes parecem um borrão de pixels, além de alguns problemas nas expressões dos NPC’s ao longo da sua jornada por Yara além de vários bugs encontrados, como o misterioso caso da queda no limbo que te teleporta para exatamente onde o jogo começou ou personagens flutuando na estrada, mas qual jogo não tem bug?

Rinha de Galo e o erro da Ubisoft

Tenho inúmeras ressalvas de como a Ubisoft desenvolveu a história e como ela traz ideias caricatas da América Latina, porém coloco na balança que Far Cry no quesito história não é algo a ser exatamente levado a sério, o que dá para “deixar passar” algumas coisas, porém a rinha de galo em nada acrescenta no jogo e reforça um estereótipo de povo incivilizado que ainda usa animais para se digladiarem até a morte em prol do entretenimento, se fosse algo dentro da narrativa da história, e que acaba ali dá para entender e relevar, porém um minigame que o jogador pode inclusive capturar mais animais, personalizar e por na rinha me pareceu uma escolha muito equivocada da Ubisoft.

Vale a Pena?

Far Cry é daqueles jogos que vai te garantir mais de 40 horas de jogo fácilmente, principalmente se você for do tipo que não consegue deixar uma side-quest e quer liberar todo o mapa, descobrir todos os tesouros e coletar todas as armas. A dificuldade do jogo não é das mais desafiadoras, mesmo no modo que em tese oferece um maior desafio para concluir as missões, a inteligência artificial quase sempre parece bem artificial mesmo, o que acaba desagradando aqueles que gostam de desafios mais intensos.

Se vale a pena investir aproximadamente R$250,00 reais em um jogo? no caso de Far Cry a resposta é sim, um excelente FPS de aventura que vai te levar a lugares paradisíacos e depor um governo fascista, que é ótimo para a saúde!

Far Cry 6 foi gentilmente cedido pela Ubisoft para o NerdWeek acabar com fascistas e devolver ao povo de Yara sua liberdade, “E se io muoio da partigiano, o bella ciao, bella ciao, bella ciao, ciao, ciao!