O mês de março enfatiza a discussão sobre o papel das mulheres em contextos variados por conta do dia 8 de março, em que se comemora o Dia Internacional da Mulher, data que faz alusão à luta histórica das mulheres para terem condições de equidade. Nesse sentido, vale destacar as possibilidades de ampliação da atuação delas em setores promissores como os da área de Tecnologia da Informação (TI).

Embora a participação das mulheres seja menor no mercado ou no setor de TI, não se trata de falta de oportunidades, pelo contrário, as possibilidades são amplas, tanto em relação às funções de atuação quanto em relação ao número de vagas demandadas pelas organizações.

Para Cristiane Yayoko Ikenaga Fernandes, docente dos cursos de graduação da área de Tecnologia da Informação no Centro Universitário Senac e mentora na Apple Developer Academy | Senac, não se deve considerar que um campo de atuação é somente para homens ou subestimar a capacidade delas em atuar no setor de tecnologia, pois a atuação nada tem a ver com habilidades intelectuais decorrentes de origem biológica, por isso, acreditar na própria capacidade e na potencialidade é essencial. Por outro lado, de nada adianta ter força de vontade, mas não sentir afinidade com a área de tecnologia.

“Por isso, estudar e se atualizar continuamente é fundamental, assim como é necessário acompanhar a evolução das tecnologias da informação e comunicação. Também é preponderante entender as maneiras como as organizações e pessoas demandam e utilizam essas tecnologias, prestando atenção às mudanças sociais e comportamentais, políticas governamentais que, eventualmente, restrinjam ou impulsionem essas ações, recursos de acessibilidade que possam ser implementados nas soluções tecnológicas, legislações ou regulamentos obrigatórios que precisem ser considerados, entre outros aspectos”, afirma a docente.

A máquina por trás da máquina

A falta de representatividade e de diversidade em qualquer setor ou área pode acarretar perspectivas enviesadas caso não haja um exercício contínuo de empatia. “Na área da Computação, os sistemas de informação, por exemplo, refletem as necessidades das organizações e da sociedade, bem como as leis, as regras, as normas, associadas a elas. Visões limitadas e vieses preconceituosos podem acabar sendo projetados, reproduzidos, perpetuados, o que não é desejável para a sociedade como um todo. Por exemplo, no contexto de Inteligência Artificial (IA), os sistemas precisam ser “treinados” com um grande volume de dados e regras de negócio para analisarem as combinações, possibilidades para indicação de alternativas ou caminhos para tomar decisões. Considere uma situação de treinamento de algoritmo suportado por Inteligência Artificial. Se os dados coletados e usados como base são enviesados por gênero, a IA tomará, por consequência, uma decisão enviesada. O próprio algoritmo, codificado por humanos, vai refletir o preconceito dos desenvolvedores”, explica Cristiane.

Outro exemplo, citado pela profissional de falta de representatividade: um sistema de recrutamento de processo seletivo para preenchimento de vagas em uma organização, se alimentado por dados de dez anos atrás, vai refletir o desequilíbrio ou desigualdade ainda maior entre homens e mulheres no mercado de trabalho. “Logo, é de se esperar que neste caso, haja mais currículos masculinos, com critérios que felizmente já não são -- ou pelo menos não deveriam ser -- usados, como a preferência por mulheres sem filhos e/ou solteiras. Em outras palavras, a presença da mulher em atuações na área de TI nada tem a ver com habilidades intelectuais decorrentes de origem biológica, mas sim, muitas vezes (ou na maioria das vezes), com o corporativismo e paradigmas de desigualdade de gênero”.

Obstáculos para ingressantes

Alguns dos possíveis obstáculos com os quais as mulheres podem se deparar ao ingressarem na área de TI são o preconceito (de gênero), a diferença salarial e outras relacionadas à maternidade, entre outros, aspectos que não exclusivos à área de TI, mas estão relacionados a heranças histórica e cultural.

Segundo Cristiane, em relação à carreira, é importante que a profissional da área de TI esteja atenta não só às mudanças das tecnologias da informação e comunicação, linguagens de programação e outras especificidades técnicas da área, mas estejam igualmente atentas às tendências de negócio, mudanças comportamentais e sociais, ou seja, novas maneiras de aplicar seus conhecimentos e habilidades para atender as necessidades e demandas, tanto das organizações quanto das pessoas.

Em relação à questão sobre permanência nas empresas, na área de TI é bastante interessante porque atualmente é comum que profissionais que atuam nesta área, sejam homens ou mulheres, não fiquem muito tempo em uma mesma organização, principalmente se considerarmos jovens da geração Z (nascidos entre 1997-2010) e os abaixo de 30 anos, da geração Y (os millenials, nascidos entre 1981-1996), solteiros e solteiras e/ou que não sejam pais ou mães. “Profissionais da área de TI migram sem cerimônia pois muitas vezes são motivados e motivadas por novos desafios e pacotes de remunerações mais altas e benefícios atraentes”, finaliza a docente e mentora do Centro Universitário Senac.

Para os interessados em mergulhar nesse universo promissor, o Centro Universitário Senac conta com opções como Bacharelado em Ciência da Computação, Tecnologia em Gestão da Tecnologia da Informação, Bacharelado em Sistemas de Informação, Engenharia da Computação e Pós-graduações na área de TI, passando por Gestão e Governança da Tecnologia da Informação, Internet das Coisas: inovação tecnológica e negócios, Desenvolvimento de Games, entre outras possibilidades.