Animações Clássicas na Netflix
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Em 2018, o canal oficial da Netflix no youtube postou um vídeo divulgando que a plataforma receberia um dos animes mais aclamados da história; Neon Genesis Evangelion.
O anime, com previsão de lançamento para o primeiro semestre deste ano, gira entorno de Shinji Ikari, um garoto de 14 anos, que se encontra numa trama perturbadora envolvendo robôs gigantes (mechas) e sua guerra contra os Anjos, entidades que atacam a humanidade. O anime conta com 26 episódios e três longa metragens que compõem a obra que revolucionou o gênero mecha.
EVA não é o primeiro clássico que a Netflix recebe. A plataforma já possui em seu catálogo clássicas animações responsáveis por influenciar gerações e outras obras. Segue abaixo, produções que causaram grande impacto com seus lançamentos.
- Ghost in the Shell - O Fantasma do Futuro (1995)
Lançando em 1995, Ghost in the Shell, é um filme cyberpunk que se passa em 2029 e segue a história de Motoko Kusanagi, uma ciborgue com mente humana, que trabalha para o governo japonês. Em meio a perseguição de um cyber-terrorista, a ciborgue se encontra questionando a própria existência e o conceito de identidade em um mundo tecnológico.
Baseado em um mangá de mesmo nome, é um filme aclamado por sua animação e o estudo da interação tecnologia-ser humano. Levanta discussões sobre identidade de gênero e sexualidade por demonstrar uma narrativa em que a consciência é transportada para um corpo ciborgue, sem órgãos reprodutores.
O título da animação nos remete a um questionamento que ela levanta: o que define o "ser humano" ou a própria consciência de existir e estar vivo? Por um lado temos a protagonista, um ciborgue criado em laboratório cujo cérebro é a única parte realmente humana. Do outro temos indivíduos que tem suas memórias irreversivelmente apagadas, de forma que acreditam viverem vidas falsas e adotarem identidades que não são suas próprias.
O "fantasma na casca" expressaria essa condição de deslocamento existencial.
A trilogia Matrix foi altamente influenciada por este filme.
2. Lupin III - O Castelo de Cagliostro (1979)
Criado em 1967, Lupin III é o neto do famoso ladrão fictício Arsène Lupin, criado por Maurice Leblanc em 1905, e foi a primeira obra a conceituar o gênero seinen no cenário dos mangás.
A história gira em torno de Lupin III, o ladrão mais famoso do mundo, e seus companheiros, constantemente perseguidos pelo detetive Zenigata, da Interpol. Após roubar um Cassino e descobrir que as notas são falsas, Lupin e Jigen viajam para o pequeno Principado de Cagliostro, onde conhecem a jovem Clarisse que está noiva de um Conde malévolo.
Cagliostro teve a direção de Hayao Miyazaki, co-fundador dos Estúdios Ghibli e responsável por filmes como Princesa Mononoke, A Viagem de Chihiro, Ponyo: Uma Amizade que Veio do Mar, entre outros. Miyazaki também participou da direção de vários episódios do anime exibido em 1971, Lupin the 3rd: Part I. Graças a Miyazaki, Lupin assumiu um tom mais cômico quando integrado a outras mídias.
3. Devilman Crybaby (2018)
Lançado no primeiro trimestre de 2018, Devilman Crybaby faz uma homenagem ao trabalho de Go Nagai, criador do primeiro Devilman, em 1972.
A história começa com o jovem Akira Fudo reencontrando seu melhor amigo de infância, Ryo Asuka. Ryo o convida para uma festa, alegando que há demônios na sociedade e que, muito em breve, ocorrerá uma guerra sangrenta. Durante a festa, Akira vira o receptáculo de um demônio poderoso, tornando-se Devilman e tomando para si a responsabilidade de lidar com as criaturas do mal.
Em uma releitura fascinante da obra de Go Nagai, somado com uma animação estonteante de Masaaki Yuasa, Devilman Crybaby nos oferece uma narrativa que discute sexo, sexualidade, o combate à violência e o que ela realmente é, empatia em um mundo cada mais violento e afeto.
A Netflix também disponibiliza uma obra com a versão original da aparência de Devilman em uma luta contra os personagens de Cyborg 009, de Shotaro Ishinomori, renomado mangaká de quem Go Nagai fora aluno. Shotaro Ishinomori também criou o famoso tokusatsu Kamen Rider e influenciou o filme Akira de Katsuhiro Otomo.
4. Akira (1988)
Akira conta a história de Kaneda, líder de uma gangue de motoqueiros, no ano de 2019, na então chamada Neo-Tokyo, a antiga capital que foi reconstruída depois de ter sido destruída na terceira guerra mundial. Ao se defrontar com outra gangue que invadiu o seu território, um dos membros da gangue, Tetsuo, acaba sendo sequestrado pelo governo e passa por experimentos, tentando desenvolver poderes paranormais não somente nele, mas em outras crianças, objetivando tentar alcançar o poder que o lendário Akira tinha.
O filme, baseado no mangá de mesmo nome, foi aclamado pela crítica como o melhor filme de animação já feito. Influenciou outros animes que o precederam como o próprio Ghost in the Shell e Cowboy Bebop; filmes como Matrix, Batman: o Cavaleiro das Sombras, Kill Bill, Star Wars e A Origem; video-games como Metal Gear Solid e Cyberpunk 2077; Kanye West fez um tributo em seu clipe Stronger.
Os fãs gostam de apontar que Akira previu o fato das olimpíadas ocorrerem no Japão, pois o próprio filme se passa em 2019 e menciona que em 2020 teriam as olimpíadas.
O poster de Akira possui uma grande variedade de tributos, sendo reconhecido pelo mundo afora.
Não é somente o poster de Akira que se tornou uma cena icônica, mas também a em que Kaneda manobra sua moto, parando-a com o pé.
5. Castlevania (2017-2018)
Ou como os fãs chamam: Netflixvania.
Usando elementos do enredo de Symphony of the Night e Curse of Darkness, Castlevania nos apresenta Trevor Belmont, o último da linhagem dos caçadores de monstros, que acaba se encontrando em um time formado por Sypha Belnades e Alucard, filho de Drácula, para matá-lo por infligir morte e violência sobre a humanidade após membros da igreja terem queimado sua esposa ainda viva.
Com toques de humor influenciados por Cowboy Bebop e cenas de ação fantásticas, Castlevania da Powerhouse Animation Studios trabalhou com o produtor da franquia de video-games, Koji Igarashi, e com membros da equipe que havia trabalho em Vampire Hunter D: Bloodlust e com um dos diretores de animação dos filmes de Berserk. A série também teve seu estilo fortemente influenciado por Ayami Kojima, responsável pelas ilustrações de Symphony of the Night, podendo ser notado no personagem de Alucard com sua aparência afiada, porém delicada.
6. Tengen Toppa Gurren Lagann (2007)
Diferente das outras obras citadas, Gurren não é baseada em material anterior, sendo um dos clássicos mais novos.
Gurren Lagann acontece em um futuro fictício em que a Terra é governada por um tirano que força a humanidade a viver em vilas subterrâneas. A história gira entorno de Simon e Kamina que desejam ir para a superfície e utilizam de um mecha chamado Lagann para realizar o sonho. Chegando à superfície, eles se veem frente à frente com o tirano que devem enfrentar.
Recebida com críticas excepcionais, Gurren é altamente referenciada pela pose que um dos principais, Kamina, assume e os óculos característicos.
Em League of Legends, há referências a Gurren Lagann em uma skin do personagem Rumble, chamada de Rumble Supergalático, com várias falas referentes às falas dos protagonistas do anime. Assim como também Aurelion Sol, outro personagem, assume a famosa pose de Kamina.
Referências a Gurren Lagann não param somente no entretenimento, podendo ser encontradas até mesmo na política. Em 2007, oito meses após o lançamento de Gurren, durante um debate sobre a possível atualização da bandeira britânica pela incorporação do dragão gaulês, o jornal The Daily Telegraph promoveu um concurso para que os leitores apresentassem seus projetos da nova bandeira e que outros leitores poderiam votar.
Um design que foi submetido da Noruega, ganhou o concurso, apresentando uma margem de votos de 55% e o emblema do grupo Dai-Gurren da série.
7. Mobile Suit Gundam UC (2010)
Gundam UC é uma adaptação do livro de Harutoshi Fukui, Mobile Suit Gundam Unicorn, ocorrendo na mesma cronologia da série original, a Universal Century (UC), com sete episódios.
A história foca em Banagher Links, que vive em uma colônia espacial. O rapaz conhece uma garota chamada Audrey Burne que está envolvida em uma trama militar sobre a independência das colônias. Banagher decide ajudá-la e, como resultado, torna-se o mais novo piloto do Gundam Unicorn.
Não é a série original de 1979, porém é um passo para quem quer se aprofundar no universo de Gundam. A série é responsável pelo mercado de figuras plásticas dos mechas, denominados gunplas, pois a partir da distribuição dos brinquedos que a fama e sucesso do anime deslancharam.
Em 2009, como parte do 30º aniversário de Gundam, Bandai anunciou um projeto chamado Real-G, que constava em construir um Gundam de escala 1:1. Assim que completo, foi exibido em diversos locais, até que, em 2012, atingiu seu local final no bairro de Odaiba, em Tokyo, em frente a uma loja de presentes chamada Gundam Front Tokyo, onde ficou até março de 2016.
Apesar de ser confundido com Transformers, Gundam tem sua própria fanbase e seguidores no Japão, sendo responsável pela consolidação do gênero mecha pelos robôs "vestimentas" sendo usados como armas militares e os pilotos sendo retratados como soldados comuns. Vide, Amuro Ray, um dos personagens que precisa lidar com o trauma adquirido ao matar soldados inimigos para que ele mesmo se torne um.
Com exceção de Lupin e Gurren, nenhuma das obras citadas acima é voltada para crianças por conter cenas de nudez, conteúdo sexual, violência extrema e gore, relembrando que animação não é um gênero e sim um tipo de mídia, não devendo ser erroneamente chamada de "filme de crianças".
A Netflix renova o catálogo sem aviso prévio, logo sugiro que assistam o quanto antes.