Quando se fala em turn-based strategy games (TBS), é praticamente impossível não comparar com o clássico Sid Meier's Civilization. O título praticamente definiu as regras do estilo, e sua digital está presente em todos os jogos do gênero, mesmo assim, em The Battle of Polytopia, senti uma brisa fresca que não sentia há tempos no gênero.

Lançado em 2016, o jogo se destaca por nunca ter o mesmo cenário, já que é gerado de forma randômica a cada partida, e pela escolha visual, é usado no título o estilo artístico low poly, que encaixa perfeitamente na proposta.

Jogabilidade

30 turnos e nada mais. Essa é a proposta do principal modo. O jogador tem a disposição 12 civilizações na versão base do jogo, outras 4 podem ser compradas a parte, cada uma com um estilo de jogo específico e uma tecnologia inicial que indica como deve iniciar.

No entanto, essa é a última vez que BoP, como carinhosamente apelidei, segura a sua mão. A partir daí, você é jogado em um mundo coberto por névoa e precisa definir os passos da sua civilização para superar os desafios e prevalecer, ou ser derrotado por outra.

Tela de seleção das Tribos disponíveis para o jogador em The Battle of Polytopia. Dividido entre Tribos comuns e Tribos especiais, com uma imagem de fundo mostrando dois pedaços de terra, separados por um oceano. A esquerda, é possível ver uma cadeia de montha e uma floresta em sua base, enquanto no lado direito também há uma cadeia de montanhas e uma floresta a frente e também atrás.
Escolha uma Tribo para iniciar sua jornada em The Battle of Polytopia (Imagem: Captura de tela/Rodrigo Folter)

Cada civilização conta com uma tecnologia pré-definida, que indica ao jogador o caminho inicial, mas essa é última vez que o título segura a sua mão.

A partir daí, você é jogado em um cenário tomado por névoa e precisa tomar decisões para decidir o futuro do seu reino. A pegadinha é: não tem como saber o que esperar do cenário, e aí mora o diferencial e a graça de BoP. As decisões tomadas no presente, só repercutiram alguns turnos depois e, dependendo do que decidiu, pode não resultar em algo favorável.

Mapa de The Battle of Polytopia é gerado de forma randômica e cabe ao jogador descobri-lo ao longo de 30 turnos (Imagem: Captura de tela/Rodrigo Folter)

Portanto, ao trabalhar o mistério do cenário como modo de aumentar a dificuldade e forçar você a se adaptar, escolhendo com cuidado ação, o jogo ganha uma camada interessante e alto fator de replayabilidade, trazendo o jogador de volta a ação conforme entende mais como a dinâmica funciona.

Monte sua história

Como o jogo não tem um modo campanha, fica a cargo do jogador montar uma narrativa, transformando-o em diretor e roteirista da história. Cada civilização escolhida e número de inimigos no cenário definidos, que impacta no tamanho do mesmo, abre um leque de opções ao jogador.

Isso soma-se a outra mecânica importante do jogo: cada estrela obtida, ao completar desafios ou construções, pode ser trocada por tecnologias, dando liberdade total ao jogador para definir qual caminho seguirá. É possível escolher entre criar uma civilização bélica e conquistar as outras, ou o caminho da paz, cada uma com seus pontos fortes e fracos.

Escolha a Tecnologia para evoluir sua civilização em The Battle of Polytopia (Imagem: Captura de tela/Rodrigo Folter)

No entanto, é possível ver um desbalanceamento em relação aos caminhos escolhidos. Mesmo quando não joguei com outras pessoas no modo online, grande parte das civilizações controladas por IA (Inteligência Artificial) escolheram o caminho bélico, mesmo as que não tem a tecnologia inicial focada nisso.

Esse problema pode ser cansativo, forçando o investimento em poderio militar para sobreviver, além de evidenciar a dificuldade em obter pontuações altas focando em outras tecnologias.

O estilo artístico de The Battle of Polytopia

Com o foco em partidas rápidas, a escolha pelo desenvolvimento do jogo no estilo low poly, que é definida pela menor quantidade de polígonos utilizada para criar uma imagem, dá um ar "simples" ao título, o que encaixa perfeitamente com a proposta.

Cenário e construções baseadas em low poly dão um espetáculo visual que encaixa com a proposta do jogo (Imagem: Rodrigo Folter/Captura de tela)

A escolha carrega em si outro benefício: torna o jogo acessível a um grande número de computadores.

Mas e aí, The Battle of Polytopia vale a pena?

Passear pel0 cenário de The Battle of Polytopia é uma experiência agradável, mesmo que bastante punitiva à iniciantes. É possível controlar a dificuldade, sim, mas as primeiras partidas faz parecer que está caindo em uma longa toca do coelho sem chegar ao País das Maravilhas.

No entanto, cada novo play dá a sensação de que um pouco mais é compreendido e a exploração, do cenário e da árvore de tecnologia, é menos assustadora. Isso leva o jogador a experimentar as diversas civilizações e se aventurar em dificuldades maiores ou modos de jogo mais desafiadores.

The Battle of Polytopia cumpre seu papel com primor, cujo único defeito é o desbalanceamento entre tecnologias bélicas e as demais, e com um preço justo ao mercado brasileiro.

The Battle of Polytopia está disponível para PC, Android e iOS. Esta análise foi feita graças a cópia gentilmente cedida pela Midjiwan AB.