Será que Need for Speed Unbound vale a pena? Para aqueles que viveram o ápice dos jogos do PlayStation 2, Need for Speed sempre foi uma série que carregou muitos sentimentos. Com títulos icônicos como Underground e Most Wanted, a franquia deixou sua marca na história e há poucos que não tenham ouvido falar desses clássicos.
No entanto, nos últimos anos, a franquia careceu fortemente de inovações e detalhes que faziam com que a franquia tivese esse glamour entre os fãs. Após inúmeras tentativas, Need for Speed Heat tentou trazer de volta esse sentimento, porém, parece que o game não emplacou tanto assim.
Need for Speed Unbound, por outro lado, resolveu absorver tudo o que deu certo em Heat, porém voltar ainda mais para as raízes, mas sem perder esse toque de parecer atual.
Mas será que isso é o suficiente para que a franquia continue em seu ápice? Será que os esforços da empresa até mesmo em chamar a Codemasters, empresa mestre em fazer jogos de corrida, conseguiria fazer o game tingir um grande público?
É com essa premissa que começamos a nossa análise de Need for Speed Unbound. Abaixo, você pode conferir mais sobre o que achamos do game!
A história de Need for Speed Unbound
Mais do que só sair correndo por aí, ter história é uma das marcas registradas da franquia. Em Need for Speed Unbound, você escolhe um personagem completamente customizável.
O game se passa em Lakeshore City, uma versão alterntiva de Chicago, onde você e sua parceira Jasmine (conhecida como Yaz) decidem reformar um carro velho da oficina de um amigo chamado Rydell para poder usá-lo em corridas clandestinas.
Após vencer várias delas e conquistar certa reputação, Yaz e Rydell já não se dão tão bem quanto antes, o que faz com que ela procure por trabalhos menos ortodoxos para não ficar presa no mesmo emprego, como entregar veículos e desafiar a autoridade da polícia para um rapaz chamado Alec.
Certa noite, depois de participar de algumas corridas, Yaz pede para que você faça uma entrega, e é aí que as coisas desandam. Ao chegar no local, você não encontra ninguém para receber a entrega, porém percebe que o alarme da oficina de Rydell disparou.
Ao chegar lá, ela percebe que todos os carros foram roubados por alguém. No ápice do ódio, Rydell acusa Yaz de ter orquestrado isso. Como a relação entre ambos já não ia muito bem, Yaz decide que a partir dali não tinha mais como prosseguir, então ela vai embora.
Com a reputação em baixa e sem dinheiro, a oficina do Rydell conseguiu sobreviver por dois longos anos, onde você agora vive uma vida pacata, ganhando a vida dirigindo pessoas de lugar para lugar, como motorista de app.
Numa dessas corridas que você conhece Tess, que está disposta a investir em você e na oficina do Rydell para ganhar ainda mais dinheiro nas corridas — no entanto, suas entregas e seu dinheiro parecem fortemente suspeitos.
As novas corridas estão sendo organizadas por ninguém menos do que a Yaz, sua antiga parceira, que agora dirige o seu antigo carro, que vocês consertaram juntos. Sendo assim, ela anuncia um grande prêmio de corridas clandestinas chamado The Grand, que perdurará por várias semanas.
Drigir para viver
Parece até nome de série na Netflix (deve ser porque é mesmo), mas Need for Speed Unbound realmente leva essa premissa bem a sério. Além das corridas clandestinas, um dos jeitos de ganhar dinheiro é realmente fazendo as entregas e viagens de app.
Esse é um dos pontos mais legais da história, porque ela realmente parece bem atualizada com os tempos em que vivemos. Quem pensaria que um jogo de corridas incluiria missões de motorista de app como forma de sobrevivência?
Além disso, o mundo aberto oferece uma série de atividades extras para você passar o tempo e se divertir, como desafios de drift e radares.
Sacadas como essa tornam o game bem diversos do que só correr e fugir da polícia. Mecânicas assim são capazes de fazer com que os jogadores se sintam mais dentro da história, além de fazer com que a gente sinta as dores dos personagens.
Mecânica mais intensa
Como um bom jogo de corrida, Need for Speed Unbound faz um excelente trabalho em pegar o espírito das corridas de rua de jogos clássicos e adicionar elementos surpresa da polícia aparecendo para estragar a festa.
No entanto, infelizmente a parceria da Criterion Games com a Codemasters pode ser extremamente percebida e não em um sentido positivo. Como disse em análises tipo a de Grid, infelizmente, a Codemasters acaba criando corridas scriptadas.
O que quero dizer com isso? A corrida é projetada para que você seja punido logo de cara, para te forçar a dar tudo de si. Ao largar nas últimas posições, você sempre se questiona como o último colocado conseguiu um boost para chegar em quarto lugar logo de cara. Ou seja, você passa a ficar em último.
O que é tudo bem, caso o jogo também não fizesse com que os três primeiros colocados ganhassem uma vantagem descomunal. Ou seja, você terá que repetir as corridas algumas vezes até que consiga pegar a mão.
Nenhum problema até aí, certo? Exato! O problema é que sempre acontece a mesma coisa e na mesma ordem toda vez que você repete a corrida. Isso cria uma sensação de que você precisa decorar a corrida para driblar os eventos ali, e não somente lutar contra o tempo.
Embora muitos possam gostar disso, é algo que realmente não me pega muito bem. Se você curte isso, então perfeito!
Repita as corridas, mas tem limite
Para ganhar respeito e dinheiro, infelizmente, você vai ter que "jogar sujo", como Yaz diz. E como isso se reflete na mecânica?
Bom, você tem um número limitado de vezes em que pode repetir as corridas. Sim, não dá pra repetir todas, você precisa usar esse número com muita sabedoria. Ao jogar no Easy, você tem 10 chances de repetir corridas, e isso em um período que dura manhã e noite.
Ou seja, de noite, se você já gastou as 10 repetições, adeus chances. E pense bem, porque à noite as corridas são bem mais difíceis. Então, essa é uma maneira aí do game fazer com que você administre bem se vai querer repetir uma corrida ou não.
Isso até te frustra um pouco, porque muitas vezes, se você treinasse um pouco mais, poderia ficar em primeiro, mas vai ter que se contentar com um terceiro lugar para salvar as repetições para a noite.
Aposte com sabedoria
Como disse acima, ficar em primeiro lugar é um privilégio que não dá pra alcançar sempre. Então, aposte com sabedoria. Se você sabe que consegue ficar pelo menos em terceiro, aposte contra o candidato com maiores chances de ficar em terceiro e ganhe esse dinheiro extra dessa maneira.
Só assim você vai conseguir ganhar dinheiro de forma "honesta", sem necessariamente ter que ficar em primeiro lugar. Então, nunca ignore as apostas durante as corridas. E muitas vezes, vencer a aposta é até melhor do que ficar em primeiro.
Volta ao passado mais que perfeito
Seja na arte e seja no áudio, Need for Speed Unbound se esforça muito em ser um sucessor espiritual do Underground, já que tem em sua trilha sonora vários hits do hip-hop e um estilo artístico focado no grafite.
Quanto a isso, posso dizer que foi um dos elementos que mais me encheu os olhos. Todo mundo é construído com visuais realistas e Physically Based Rendering. No entanto, os personagens usam Cell Shading, o que dá um toque bem cartunesco a uma franquia que sempre focou em ter visuais cada vez mais realistas.
Mas não se engane, apesar disso, esse é o máximo que ele "volta". De resto, o jogo realmente se esforça em entregar algo novo, e isso não é um problema. Foi um dos pontos que mais gostei.
Outro fato legal são os "efeitos TikTok" no carro. Ao performar saltos, não é incomum que você veja efeitos em 2D de asas saindo do carro. Tudo isso dá uma revitalizada na arte de um game que luta para se reinventar.
Need for Speed Unbound vale a pena?
Com tudo isso dito, fica claro que Need for Speed Unbound se esforça bastante em ser um sucessor de títulos como Undergroubd, seja na trilha sonora com hip-hop e estilos artísticos focados em grafite.
No entanto, Unbound mais parece um sucessor espiritual do Heat do que de Underground. Mas não leve isso no sentido negativo. É válido o esforço, já que a direção de arte está impecável.
Talvez, se o game tivesse tentato não se aproximar tanto do passado e tentado ser algo mais atualizado e característico, talvez ele tivesse acertado mais. No entanto, é inegável que os gráficos do game são impecáveis, a história é cheia de intrigas e o sistema de gerenciamento de repetição de corridas é bem administrado.
Parece um pouco difícil no início saber quando gastar uma repetição ou deixar para lá, mas quando você entende isso, jogar o game fica bem mais divertido e bem mais agradável.
De todo caso, se você é fã de jogos de corrida que não se esforçam tanto assim em ser um simulador, Need for Speed Unbound é um game o qual você não pode deixar de conferir.
Embora se esforce em puxar elementos de Need for Speed Underground, Unbound se aproxima mais de títulos como Heat.
Se ele vale a pena? Com certeza, no entanto, vá com as expectativas baixas caso você esteja esperando um jogo próximo ao Underground. O jogo tem mais elementos do Heat. Portanto, se você gostou de Need for Speed Heat, tem tudo para gostar de Unbound.
A análise de Need for Speed Unbound foi feita com uma cópia gentilmente cedida pela Electronic Arts.