Depois de um certo tempo de lançamento do game, ainda vale a pena ler uma análise de Elden Ring (Bandai Namco)? Para muitos que já estão jogando e desfrutando o game, a resposta pode parecer bastante simples: eu paguei caro, então vou aproveitar tudo que ele oferece.
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A esses eu digo: vocês estão mais do que certos. Mas então, qual o propósito de mais uma análise na internet? Bem, meu objetivo aqui não é dizer se o game vale a pena ou não, você já sabe disso. Meu objetivo aqui é trazer para vocês a minha experiência (ou diria inexperiência) com um game Soulslike, sendo que eu nunca fui extremamente aberto a jogos do gênero.
Os problemas dos jogos Soulslike
O motivo pelo qual eu sempre fui averso aos títulos da FromSoftware e jogos que bebem da essência de Soulslike em geral, é a necessidade de punir o jogador a todo custo. Sempre tive a impressão de que, não importa o que você faça, você sempre será punido.
Isso sempre me incomodou porque, numa sociedade onde jogos custam R$ 350 e atualmente já vemos versões de jogos custando R$ 400, me parece muito desgastante a experiência de pagar caro por uma experiência que tem o objetivo de te frustrar.
Não me leve a mal, muita gente ama isso e tem a ciência que essa é a essência do game — e aí vem o argumento: se não é para você, não compre. Realmente, eu segui sempre essa premissa e nunca comprei a ideia, porque eu sabia que o game não era pra mim.
Mas, ao mesmo tempo em que sempre concordei e vivi essa premissa, eu sempre soube que estava perdendo experiências e histórias sensacionais como as de Bloodborne ou de Sekiro, por exemplo. Mesmo Bloodborne eu tive a experiência de jogar muito com a ajuda de uma amiga que me carregou nas costas, mas me pergunta se eu joguei o jogo depois sem ela? Não joguei, infelizmente.
Infelizmente, toda essa aura do Soulslike faz com que exista a premissa de "ame-o ou deixe-o". Mas eu sabia que ainda queria vencer essa inércia e ter acesso a uma experiência imersiva. Ao mesmo tempo eu entendo que o que eu estou chamando de "problema", na verdade é o que move muitos a jogá-lo, e sobre isso está tudo bem.
Como resolver esse meio termo entre eu querer jogar um jogo Souslike com toda sua dificuldade, sem que eu me sinta repelido por ele, devido à sua curva de aprendizado?
A resposta foi Elden Ring
Uma coisa aconteceu e essa coisa se chama Elden Ring. Ou talvez a maturidade tenha chegado em mim de uma forma que eu não sabia ainda. O game acertou e entendeu o meio termo entre os fãs de Soulslike e aqueles, como eu, que são ruins com força.
Como o jogo permite que faça todas as dungeons de Limgrave e todas as áreas opcionais antes mesmo de seguir para enfrentar o Margit, eu acho que, na verdade, ele parece que está dizendo na minha cara: "Faça isso antes mesmo! Aproveite" e isso antes de progredir na história.
Mas, novamente, eu trabalho, às vezes tenho duas horas para jogar, como conseguir dedicar a isso? Elden Ring achou um meio termo que consegue, ao mesmo tempo, ser desafiador, mas não tão punitivo assim.
Sua curva, claro, de aprendizado, ainda é bem íngrime. Eu mesmo, farmei MUITO antes de ir para o Margit. Isso, por incrível que pareça, me fez entender mais ainda a dinâmica do game. Porque, quando eu cheguei nele, eu já não só estava upado para enfrentá-lo, eu entendia as mecânicas para enfrentá-lo de maneira digna.
E há quem torça o nariz, mas os companions e as ajudas dos espíritos facilitam muito a vida dos jogadores quando você aprende a utilizá-los — foi nesse aspecto ao qual eu me agarrei por semanas antes de conseguir derrotar de vez Margit.
Em outros casos, com a minha build, eu usei os três lobos contra a Rennala, por exemplo, e eles cancelavam os ataques dela, abrindo janelas para que eu desferisse ataques melee nela. Ou seja, entendendo a mecânica da minha build e os summons que eu tinha, eu pude vencer os bosses com muito mais facilidade.
Mas aí que está, eu joguei o game e vivi ele por semanas. E é assim que é a experiência que Elden Ring deve ser vivida. Quanto mais você mergulha no game, mais fácil ele vai ficando.
E longe de mim trazer à tona a questão de modo Easy em jogos ou não — embora já deixei bem claro aqui que eu sou super a favor. Mas talvez Elden Ring tenha sim, o seu charme, nesse envolto de dificuldade e penalidade, ao mesmo passo que ele esconde os mistérios do mundo para aqueles que estão dispostos a buscá-los.
Vivenciando Elden Ring
Depois de entender isso e viver em Elden Ring por tanto tempo, eu entendi que o game é um divisor de águas no que diz respeito a como as narrativas são tratadas em mundos abertos e confesso a vocês: espero que muitas empresas sigam parte desse modelo de mistério.
Infelizmente, jogos de mundo aberto são cheios de interrogação, poluídos com informações inúteis e você já sabe exatamente onde deve ir para fazer absolutamente TUDO. Elden Ring, para mim, infelizmente peca em não ter algo mais claro sobre a quest principal, embora eu saiba que ele tenha meios de te colocar no caminho certo.
O que muitos jogos pecam pelo excesso, Elden Ring peca pela falta. Então, minha proposta é: por que não deixar a quest principal exposta e tudo que for secundário o player não descobre por conta própria? Porque, no que diz aspecto a esse ponto, Elden Ring é perfeito.
Só eu sei o quanto fiquei feliz ao concluir a quest da Roderika, em que isso culmina nela me ajudando a aprimorar meus espíritos. Tudo isso ajudou a eu empatizar com a história da personagem, aos medos e inseguranças dela, assim como fiquei feliz quando ela entendeu o seu propósito. É esse nível de imersão que eu sinto falta às vezes em um mundo aberto.
Muitas quests de coleta ou as FedEx quests meio que não cumprem propósito algum para o mundo e não apresentam personagens interessantes. Mas Elden Ring faz isso com maestria; então, por que não incorporar isso em outros jogos?
Elden Ring vale a pena?
Bom, se você chegou até aqui, eu confesso que fico bastante feliz. Minha opinião não é a certa, eu tenho certeza que cometi muitos erros ao longo da minha jornada, mas do que tirei de proveito é justamente o mistério que os jogos Soulslike deixam nos jogadores.
Enquanto eu ainda tenha problemas com a dificuldade, curva de aprendizado, o que mais me deixou fascinado foi com o quanto a curiosidade pela história, pelo enredo e pelos personagens me fez querer explorar mais e entender tudo que tem por ali.
E o questionamento que eu deixo é: por que não juntar esses sentimentos e não fazer uma experiência mais indireta em mundos abertos? Quests principais mais bem explicadas e direcionadas, mas contendo o elemento da surpresa de ir em algum lugar sem saber o que vai ter ali, ou até mesmo sem saber onde procurar?
Talvez os estúdios entendam melhor a forma de achar um meio termo entre isso, tornando os mundos mais exploráveis e os mapas menos poluídos. E novamente, você pode discordar de tudo o que eu disse, mas se esse texto, de alguma forma, colocou você para questionar a indústria de games do jeito que a estamos vivendo, então era isso que eu queria, porque foi isso que Elden Ring fez comigo.
Por isso, talvez minha conclusão seja de que Elden Ring é um divisor de águas na indústria, e nos faz questionar muito sobre como outros estúdios tratam e poluem os mundos abertos com muitas informações e coletáveis que são basicamente inúteis para a trama e se tornam só algo completista (para ganhar troféu).
Sendo assim, Elden Ring é um game necessário e, se você puder experimentá-lo e jogá-lo, mesmo que no seu tempo, por favor, faça isso! E só pra não dizer que não falei das flores: você pagou caro nessa joça, explora cada pixel dele como se não houvesse amanhã. Elden Ring vale a pena demais!
Bom, se você chegou até aqui e já está jogando o game, confira como fazer todos os finais de Elden Ring.
Elden Ring está disponível para PlayStation 5, PlayStation 4, Xbox One, Xbox Series X|S e Microsoft Windows. Esta análise foi feita usando uma cópia gentilmente cedida pela Bandai Namco.