Quando foi lançado originalmente em 2008 pela Electronic Arts, Dead Space chamou muito a atenção dos jogadores, por conta de seu realismo, dinamismo e claro, o gore e desmembramento altamente realista para a época.
- Análise: The Callisto Protocol vale a pena?
- Análise: Fobia - St. Dinfna Hotel vale a pena?
- Análise | Resident Evil Village: Gold Edition vale a pena?
Com isso, ele se tornou um ícone cultuado entre os mais devotos do gênero do survivel horror, e é unânime o quanto a franquia revolucionou o gênero. Desde 2019, os fãs de jogos de terror têm tido suas preces atendidas, especialmente no que diz respeito à remasterizações e novos títulos de terror.
Em 2019 mesmo tivemos o remake de Resident Evil 2 que, mesmo saindo um pouco da essência original, conseguiu trazer para a nova geração todo o terror do século passado.
Até então, o máximo de jogos de terror grandes que tinham saído foram os dois títulos de The Evil Within (sendo o primeiro em 2014 e o segundo em 2017) e o Resident Evil 7 (2017), que deu uma levantada na moral da franquia e do gênero.
Enfim, como você pode ver, fãs do gênero estavam em abstinência. Nesse meio tempo surpresas agradáveis apareceram no caminho, como The Medium, Resident Evil: Village, The Callisto Protocol e o brasileiro FOBIA: St Dinfna Hotel, que deixaram seu lugar na indústria indicando que o gênero estava mais vivo do que os terrores da nossa mente.
E nessa leva, 2023 começou bem, já que ainda estamos no aguardo de dois títulos de peso, como Resident Evil 4 e Silent Hill 2 Remake. Ou seja, nós fãs de jogos de terror estamos completamente deleitados e amando essa volta ao gênero, porque ficamos muito tempo sem algo para chamar de nosso.
Basicamente, esse é o cenário que o survival horror se encontra atualmente. E, com isso, nos deparamos com Dead Space Remake que, desde o seu anúncio deixava fortes indícios de que tinha tudo para dar certo.
Com mudanças na USG Ishimura, que pode ser explorada com mais liberdade, melhoria no desmembramento dos Necromorfos e a possibilidade de voar em áreas com gravidade zero, a promessa era de que o game estaria espetacular.
Será que, agora que o título saiu, essas promessas foram cumpridas? Será que o Remaster conseguiu, mesmo com as mudanças, manter as características principais que definiram uma geração? Será que o game continua tão sombrio, mesmo com mais áreas para explorar?
É com essas premissas que iniciamos nossa análise de Dead Space Remake; confira abaixo o que achamos do game!
Dead Space: o mesmo enredo de antes
Um dos pontos positivos do Dead Space Remake foi o fato de que não houve mudanças na lore do jogo. Basicamente, tudo acontece igual antes: Isaac Clarke, um renomado engenheiro de reparação recebe um chamado para investigar a USG Ishimura e, ao chegar lá, ele se depara com toda a tripulação morta.
Auxiliado por Kendra Daniels e Zach Hammond, seus companheiros de equipe, o engenheiro passa a ter que lidar com o Necromorfos enquanto realiza os reparos necessários para tentar sair dali.
Nesse meio tempo, ele também é ajudado pela Dra Nicole Brennan, sua ex-namorada e sobrevivente do ataque.
E Isaac está menos silencioso
Se tudo no enredo principal parecia igual, a maior mudança veio em Isaac. Quando lançado em 2008, o game apresentou um protagonista silencioso que não interagia e não comentava nada da situação; ele apenas recebia ordens.
Isso mudou completamente agora. Além de interagir com Kendra e Zach, Isaac reage ao que acontece ao seu redor, dando uma sensação maior de imersão e dinamismo.
Aumento da exploração
Como sempre falo, não há como fazer um survival horror sem dar um enfoque maior nas mecânicas de exploração. A versão original do game, embora fazia isso, tornava o caminho bastante linear para o player.
Isso mudou agora. Com a possibilidade de explorar ainda mais a USG Ishimura, é possível encontrar missões secundárias e até mesmo sobreviventes que conseguiram escapar das garras dos Necromorfos.
Eventualmente, Daniels e Hammond acabam orientando o protagonista a seguir o enredo principal, cobrando pressa e indicando o caminho certo a ser seguido. Porém, existe a possibilidade de sair dele, explorando um mundo semi-aberto dentro da nave.
Além disso, ainda é possível transitar por vários terminais em um trem, o mesmo que existia na versão original, com a diferença de que lá não havia o chamado backtracking. Esqueceu algo? Não tem problema.
Basta voltar às salas que você já visitou para usar novas habilidades para destravar novos caminhos e realizar as missões secundárias.
A mudança dá uma sobrevida maior para o game, além de aumentar ainda mais a imersão em um ambiente que, embora assolado por diversas catástrofes, esteve bastante vivo um dia.
Destrave um final alternativo
Para os amantes da rejogabilidade uma novidade: para aqueles que quiserem tentar o jogo no New Game+, é possível destravar um final alternativo. Isso é bem legal, porque aumenta a rejogabilidade.
Sem loadings
Loadings são necessários, porém, dependendo de como são feitos, acabam atrapalhando muito a imersão. Pensando nisso, a equipe resolveu deixar a câmera de Isaac travada 100% do tempo, mesmo durante as cutscenes.
Sendo assim, é possível jogar os capítulos principais de uma vez, sem a necessidade de loadings ou pausa no gameplay. Isso só é possível por conta das tecnologias da nova geração, algo que dá um dinamismo ainda maior no gameplay.
Praticidade no combate
Uma das melhores mudanças, e vendo no sentido positivo, foi no combate. O novo sistema de desmembramento, que já era altamente poderoso antes, ficou ainda melhor.
Além de repensado e com mais detalhes visuais, é possível ver o quanto está mais perto de realizar o desmembramento de um Necromorfo. Todo esse aparato visual, focado na diegese usual do título, aumenta ainda mais a riqueza de detalhes.
Agora você pode voar
Se o Dead Space de 2008 era "100% no solo", sendo que o Isaac não era capaz de pular sem ser em trechos específicos, em 2023 não faz sentido ter esse tipo de trava mais.
Agora, ambientes que possuem gravidade zero permitem que nosso protagonista pode cumprir algumas missões usando propulsores que permitem a ele voar. É claro que isso poderia facilitar a vida, já que no título original os objetivos eram pertos, porém Isaac não podia voar.
Por isso, é necessário encontrar estações de recarga de oxigênio, algo que vai realmente dificultar ainda mais a sua vida. Além de, claro, ter que derrotar diversos inimigos enquanto está perambulando pelo ar.
Como sobreviver ao terror?
Um dos maiores pontos a ser ressaltados nesta análise é o quanto a equipe decidiu tentar ao máximo manter a imersão do game original. Essa era, talvez, uma das maiores dificuldades que eles tiveram.
No entanto, a junção de mixagem de áudio, a música, as reações do Isaac, tudo isso junto e combinado, culminou em uma experiência bastante imersiva para trazer os jogadores para dentro do jogo.
E ainda tem um toque de imprevisibilidade
Com a USG Ishimura mais viva e mais explorativa, é realmente difícil manter a consistência de vigilância que um jogo de terror exige. Para contornar isso, existem alguns eventos aleatórios que acontecem na nave.
Vão ter horas que as luzes da nave se apagam, e é possível escutar um barulho bem alto, indicando que o gerador está voltando a funcionar normal. Nesse tempo, não tem quem fique estabilizado: é possível que Necromorfos apareçam.
E eles podem vir de qualquer lado e a qualquer momento, sair de uma parede hora sim e hora não. Enfim, todos esses elementos tornam a imprevisibilidade algo crucial para manter a imersão no game.
- Bônus: se você juntar a primeira letra de cada subtítulo acima, terá uma surpresa.
Dead Space Remake vale a pena?
Embora tenha dado certo, alguns remakes de jogos de terror dos últimos anos acabaram escorregando em alguns pontos. Nesse aspecto, Dead Space Remake não cometeu os mesmos erros, e mirou naquilo que tinha tudo para dar certo: o desenvolvimento da história.
Com isso, é imprescindível dizer que Dead Space Remake não só estabelece, como aumenta o padrão a ser seguido por todas as empresas que queiram seguir o mesmo caminho no futuro.
A experiência é idêntica, são os mesmos personagens, eles são familiares, são os originais, mas a experiência não é exatamente a mesma. Talvez esse seja o ponto!
É possível incluir novos itens e mudar mecânicas que já estão datadas para melhorar a experiência, mas sem perder a essência. Dead Space Remake fez isso com maestria, trazendo uma nova perspectiva.
Afinal, se eu quisesse jogar o mesmo jogo de antes, eu jogaria ele via retrocompatibilidade, não é mesmo?
Por fim, as adições de lore, personagens, mecânicas e comentários e interações de Isaac dão a imersão que o jogo precisa, sem perder sua essência e sem perder seu toque magistral que definiu toda uma geração.
Sendo assim, é possível dizer que Dead Space Remake vale muito a pena não só para aqueles que já eram fãs antes, mas para quem quer se aventurar pela primeira vez em um mundo extremamente vivo e coeso.
A análise de Dead Space Remake foi feita com uma cópia de Xbox Series X gentilmente cedida pela Electronic Arts.