Chorus traz uma experiência do qual sentíamos falta, mas com uma pegada mais atual!
Na década de 1970, a cultura pop estava bastante focada em trazer conteúdos futuristas, naves, batalhas intergalácticas e tudo mais. Isso fez com que jogos como Computer Space dos mestres Nolan Bushnell e Ted Dabney e Spacewar! viessem à tona e deixassem sua marca.
Eis o problema... Depois disso, não vimos muito mais jogos com essa pegada Space Combat. E verdade seja dita, muitos jogos da atualidade podiam ter bebido dessa essência para trazer aos fãs esse tipo de experiência, mas acabaram focando em outras mecânicas que talvez atraíssem um público maior.
Entenda que eu sei que isso não é algo é errado, mas focar sempre na mesma mecânica só para trazer mais público, acaba saturando um pouco a indústria de games. Às vezes carecemos de IP's que sejam mais ousadas e explorem mecânicas um pouco diferentes das habituais.
Por isso, ficamos órfãos de bons títulos que trouxessem essa ânsia por buscar novamente o espaço e atirar em tudo que se mova com uma nave. Talvez seja essa a beleza em Chorus.
A história de Chorus
Além de atirar em tudo com uma nave, Chorus tem uma história bem densa pros moldes de um shooter dessa categoria. Você assume o controle de Nara, que passou boa parte de sua vida atuando em uma seita (̶q̶u̶e̶ ̶d̶ó̶i̶ ̶m̶e̶n̶o̶s)̶ chamada The Circle, que treinou seus membros a usar uma força chamada Éter — que funciona tipo a Força em Star Wars. Com ela, é possível usar poderes que quebram as leis da física.
Ao ter que usar a força da seita contra um planeta inteiro, Nara percebe que passou dos limites, então ela fugiu, mas passou a ter como objetivo combatê-la a todo custo.
Embora o roteiro possa parecer meio genérico, ele tem sim, pontos positivos, como missões com uma carga emocional bem grande, como quando, por exemplo, Nara pilota uma nave através de seu espírito. É uma conexão bastante profunda, e que não ficou solta na narrativa, e demonstra claramente a força que ela tem.
Isso fica bem claro ao demonstrar a conexão que Nara tem com sua nave, chamada Forsaken, e como consegue utilizá-la para encontrar áreas e itens escondidos no Open Space (ou seria Open World? fica a dúvida). São conexões desse tipo que fortalecem a conexão que nós, jogadores, temos com os personagens, que são muito bem construídos.
A mecânica de Chorus
Naves que atiram na gravidade zero! Próximo tópico... Quem precisa de algo mais que isso?
Bom, não basta ter nave e não basta só atirar, isso tem que fazer sentido. E claro, Chorus deixa bem claro que todo mundo está conectado. Além de ser bem fluido pilotar a nave de Nara, é muito satisfatório usar todo o maquinário que tem à disposição.
Cada batalha parece única em sua essência, e aí um ponto positivo pras IA's, que conseguem realmente travar batalhas interessantes e contra-atacar de maneira bem empolgante.
Além disso, todos os poderes de Nara te ajudam a explorar um vasto mundo aberto que tem muita história pra contar. Esse é outro ponto no qual o game acerta. Talvez, o jogo tenha focado tanto nisso, que eu senti que algumas habilidades ficaram meio apagadas ao longo do processo.
Em muitos casos senti que a história progrediu bastante, mas não vimos nem metade do que tem pra ver de habilidades. Isso é bom, mas faz com que algumas fiquem meio esquecidas.
Cada arma da Forsaken é adequada para diferentes tarefas, o que faz com que o jogador tenha que decidir a melhor para qual situação. A metralhadora padrão tem alta cadência, mas dá pouco dano. Os lasers dão muito dano, e ajudam a desativar escudos de naves vizinhas. Já os mísseis são destrutíveis contra inimigos blindados. Ou seja, as possibilidades são vastas, e a tomada de decisão de qual arma usar, é sua.
Além disso, cada arma possui mods, que vão alterar as estatísticas de cada uma delas, aumentando ainda mais as opções para você equipar sua nave na luta contra The Circle.
Outra coisa que Chorus faz muito bem é dar um senso de velocidade, coisa que alguns jogos falham miseravelmente em fazer. É nítido quando Nara coloca uma alta velocidade na Forsaken, até a HUD balança um pouco e apresenta uma certa aberração cromática. Enfim, são esses detalhes que tornam a experiência do game mais suculenta.
O mundo de Chorus
Chorus tem um mundo aberto vasto e cheio de missões secundárias que se ramificam em talvez novas missões secundárias. Além disso, existem encontros aleatórios, que ajudam a dar uma expansão e mais lore para o universo do game.
Mas não ache que ele é vazio, por ser no espaço. Como se passa às margens dos anéis de um planeta, existem muitas zonas rochosas, imensas cidades futurísticas e até mesmo áreas que lembraram (sem sacanagem) conexões cerebrais. Parabéns para a equipe artística. E a mudança desses cenários é como deve ser: gradual.
Mas e aí, Chorus vale a pena?
Antes de obter muitas informações (quando o jogo foi anunciado a primeira vez), eu achei que Chorus seria mais um action adventure hack n' slash, igual a muitos que já tivemos nos últimos anos. Ao ver mais da história e poder jogá-lo, me fez ver que eu estava redondamente enganado.
Chorus faz a gente ter saudade da época dos 16-bits onde naves atiravam, mas não era algo tão frenético a ponto de ser um Hell Shooter. E juntando a pegada de nova geração com essa vibe mais espacial, é possível entender o que o estúdio Fishlabs, criador do jogo Galaxy on Fire, fez.
Com liberdade criativa, eles puderam trazer uma experiência do qual sentíamos falta, e que muitas vezes nos identificamos, com jogos do gênero Space Combat ou Space Shooter, mas sem deixar de ser e abordar temas tão atuais. Fora os gráficos — maravilhosos.
Para aqueles que querem ter essa sensação novamente, ou mesmo para os marinheiros de primeira viagem, Chorus é uma viagem espacial de gravidade zero que vale a pena embarcar.
Chrous já está disponível para PC, PS4, PS5, Xbox One e Xbox Series S|X. Este review foi feito utilizando uma cópia gentilmente cedida pela Deep Silver.