O gênero do terror nos cinemas tem início em 1896, com o lançamento do primeiro filme classificado como terror/horror, La Manoir du Diable (A Casa do Diabo). Contudo, antes da existência da sétima arte, o gênero já era bem estabelecido em termos literários, em contos de folclore e tradições religiosas focadas no acontecimento da morte e do pós-vida.
O acompanhamento da história só é possível com sua catalogação, não sendo diferente com histórias. As primeiras histórias que continham elementos de horror, mesmo que não vistos de forma assustadora pelo ouvinte, foram os mitos e contos de como personagens voltavam à vida, como é o conto de Hipólito, que retorna à vida graças às habilidades médicas de Asclépio/Esculápio.
Assim como no conto de Plínio, o Jovem, em que Atenodoro de Tarso compra uma casa mal-assombrada, em Atenas. O fantasma acorrentado, visita Atenodoro à noite, e, durante o dia, Atenodoro encontra uma cova sem nome, no jardim da casa.
Elementos do horror também podem ser encontrados na Bíblia, principalmente no Livro das Revelações, em que o apóstolo João descreve uma série de profecias que incluem visões como o de um dragão de sete-cabeças, uma serpente e uma besta.
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Essas histórias só puderam ser disseminadas a partir da escrita sistemática, a qual foi criada em 3500 AC com a invenção da escrita cuneiforme pelos sumérios na Mesopotâmia, motivo pelo qual temos o texto épico mais antigo, o Épico de Gilgamesh.
Durante a Idade Média, histórias mais assombrosas fizeram-se presentes no imaginário ocidental. A França possui um histórico significativo de histórias que apresentam lobisomens, como a história do século XII, Bisclavret (O Lobisomem), escrita por Marie de France, a qual conta a história de um lobisomem preso em sua forma de lobo por sua esposa.
A Condessa Iolande de Borgonha, no século XIII, encomendou o poema William the Werewolf (William e o Lobisomem), o qual conta a história de um casal que foge para a floresta, vestidos de pele de urso, e encontram um lobisomem, o qual os acolhe em sua morada.
Histórias de fadas na Irlanda e Escócia são motivos de medo, visto as histórias passadas de geração a geração sobre changellings - roubo de bebês e sua substituição por uma fada que se parece fisicamente com a criança - e pessoas que somem mata à dentro, após serem capturadas por fadas.
A imagem de um ser bebedor de sangue já existia em diversas histórias e sob diversos nomes por todo o mundo, como na América Latina é conhecido como o Chupa-Cabra e nas Filipinas sendo conhecido como Aswang. Contudo, histórias como a da Condessa Sangrenta, Elizabeth Bathory, responsável pela morte de mais de 600 mulheres e consumo de seu sangue, e do príncipe da Wallachia, Vlad, o Empalador, são os casos mais influentes para as histórias de terror e a popularização do mito do vampiro.
Após a Idade Média e atravessando as mudanças sociais, culturais e políticas do Renascentismo, a história ocidental presenciou o início do Iluminismo, o qual trazia ideias sobre a razão ser a principal fonte de todos os conhecimentos. Essa época iniciou-se como uma forma contrária aos ensinamentos ortodoxos religiosos, dando ênfase no método científico.
Em meio a essas ideias e mudanças drásticas, ao final do século XIX, surge o Romanticismo europeu, movimento artístico, cultural, musical, literário e intelectual. O Romanticismo possuía características com ênfase na emoção e individualismo, com aspectos saudosistas e sendo visto com uma reação à Revolução Industrial que se instalava e às normas políticas e racionais do Iluminismo.
Movimentos esses, deram origem ao gênero do horror gótico, uma das principais influências para o horror atual, seja literário ou cinematográfico. O início do horror gótico, ou ficção gótica, pode ser atribuído ao romance de Horace Walpole, O Castelo de Otranto (1749), o qual conta a história de uma série de acontecimentos sobrenaturais em resposta a um casamento centrado em adultério.
A literatura gótica e sua principal característica de extremo romantismo, discute sobre o sublime, o inexplicável belo e sua perfeita moral. Durante o final do século XVIII, muitas histórias góticas foram publicadas por mulheres e voltadas para o público feminino, como O Italiano, publicado em 1796 por Ann Radcliffe, pioneira em distinguir horror de terror.
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Durante o século XIX, com a publicação de Frankenstein ou o Prometeu Moderno, publicado em 1818 e escrito por Mary Shelley, o gênero do horror - e da ficção científica - finalmente se consolidou na literatura.
A famosa história sobre Viktor Frankenstein que decide, em sua soberba, criar uma vida a partir de partes de cadáveres, utilizando de eletricidade, já ganhou diversas adaptações para o cinema, sendo a mais famosa a de 1931, de nome homônimo, dirigido por James Whale e estrelando Boris Karloff.
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Seguido de Mary Shelley, diversas histórias mostraram-se impactantes para o gênero do horror, sendo referenciadas até os dias atuais como The Legendo f Sleepy Hollow (1820), escrita por Washington Irving e conhecida como A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça, os próprios contos de Edgar Allan Poe, O Médico e o Monstro escrito por Robert Louis Stevenson e publicado em 1886.
No final do século XIX, a literatura ocidental ganhou uma de suas obras mais conhecidas e discutidas, Drácula de Bram Stoker, publicado em 1897 em forma epistolar e no qual o filme de 1992 é baseado. Discute-se as verdadeiras influências que trouxeram Drácula à vida, desde a influência de O Vampiro (1819) de John Polidori ao próprio príncipe Vlad III, o Empalador, visto que pertencia à casa Dracul e, em 1499, circulavam propagandas contra o mesmo, insinuando que bebia sangue dos soldados otomanos.
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No século XX, houve um grande número de publicações no gênero, incluindo H.P. Lovecraft durante os anos 20, responsável por popularizar o horror cósmico, Thomas Harris com a publicação de Dragão Vermelho ao final dos anos 60, introduzindo o conhecido Dr. Hannibal Lecter, e, em 1988, publicando a sequência: O Silêncio dos Inocentes.
Clássicos filmes de terror foram baseados em filmes lançados ao final do século XX, como O Bebê de Rosemary (1968), baseado no livro homônimo de Ira Levin, publicado um ano antes.
Foi então, nos anos 70, Stephen King começou a publicar suas histórias, sendo a primeira delas Carrie, A Estranha (1974), a qual foi usada como base para o filme homônimo de 1976 e o remake de 2013. Stephen King já publicou mais de 200 contos – compilados em livros – e 60 livros, incluindo 7 sob o pseudônimo de Richard Bachman.
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Anne Rice apresenta-se, também, como um dos grandes nomes do horror literário, com mais de 34 livros publicados, sendo 3 sob o pseudônomio de A. N. Roquelaure. Anne Rice é mundialmente conhecida por escrever As Crônicas Vampirescas, as quais se iniciam com Entrevista com o Vampiro, em 1976, livro qual introduzi o vampiro Lestat. Lestat foi interpretado por Tom Cruise no filme homônimo de 1994.
Clive Barker, autor de Hellraiser (1987) e James Herbert, autor de The Rats (1974) são outros nomes que marcaram o gênero do terror no final do séuclo XX.
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A série infanto-juvenil Goosebumps, escrita por R. L. Stine, é composta por 62 edições na língua original e 26 no português brasileiro, sendo publicada de 1992 a 1997, ganhando uma série de TV.
21 anos adentro do século XXI, o gênero literário já conta com diversos títulos fascinantes.
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House of Leaves do autor Mark Z. Danielewski, publicado em 2000, traz uma experiência interessante com sua história perturbadora, contada em formato de labirinto de palavras.
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Apesar de sua primeira publicação ter ocorrido em 1993, Hellblazer possui um enorme sucesso com as sequências de seus quadrinhos, os quais têm como protagonista John Constantine.
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Mike Carey se apresenta, também, como um dos autores promissores do século XXI, tendo publicado A Menina que Tinha Dons em 2014, o qual foi adaptado para filme em 2016. A história se passa em um mundo pós-apocalíptico, em que as crianças são afetadas por um vírus que as tornam canibais.
No Brasil, a editora voltada para a publicação de livros de terror e horror é a Dark Side, focando em publicações artísticas de capa dura, como a de Frankenstein em 2017 para marcar os duzentos anos desde a publicação da obra.