Não é preciso esperar outubro para falar do Saci. O folclore brasileiro tem o mês de agosto inteiro dedicado a ele e possui um dia próprio, 22 de agosto, para celebrar toda a riqueza multicultural do País. Em um vasto universo, repleto de regionalismos, três personagens se destacam, justamente o Saci-Pererê, a Mula Sem Cabeça e o Curupira. Os três têm em comum a relação com a mata e a natureza. O Saci mora na floresta, o Curupira é guardião da floresta e a Mula Sem Cabeça corre pelas matas e campos.
Festa do Folclore de Olímpia
A partir deste sábado, dia 6 de agosto, a Estância Turística de Olímpia volta a realizar, presencialmente, um dos maiores encontros da cultura brasileira. O 58º Festival do Folclore reunirá mais de 50 grupos folclóricos e parafolclóricos de norte a sul do país, no Recinto do Folclore Professor José Sant’anna. A expectativa de público é de 150 mil pessoas, ante 140 mil que participaram do evento em 2019, antes da pandemia.
De Criança Para Criança!
Dentro da proposta de estimular o interesse dos estudantes pelos diferentes aspectos das disciplinas escolares, a metodologia Criando Juntos, um dos principais projetos da startup de educação De Criança Para Criança, realizou uma série de vídeos dedicados ao folclore. Na metodologia, os alunos, sob a mentoria do professor, criam histórias, desenham e narram essas histórias, baseadas nos conteúdos propostos pelas diferentes áreas do conhecimento.
Qualquer tema ou assunto pode ser transformado em vídeo no Criando Juntos. Depois de pronto o material, professor e alunos enviam o conteúdo (história, desenhos e narração) pelo celular, através da plataforma colaborativa desenvolvida pelo De Criança Para Criança, para que a equipe do programa produza desenhos animados.
O professor José Francisco Aparecido, da startup De Criança Para Criança, comenta que o Brasil é um país multicultural e sua história é contada por diversas vozes, formando um precioso coro. “Indígenas, africanos e europeus, todas essas culturas contribuíram para que hoje pudéssemos nos apropriar de um universo fantástico de gêneros literários, ainda que de maneira tímida a cultura popular se faz presente através da riqueza folclórica”, afirma.
A palavra folclore vem do inglês folk lore e tem como significado sabedoria popular, saber tradicional de um povo, já que é formada pelos termos folk (povo) e lore (conhecimento ou sabedoria). Criada pelo inglês William John Thoms, segundo estudos, a palavra folklore foi utilizada pela primeira vez em 22 de agosto de 1846 em um artigo do arqueólogo e pesquisador publicado em um jornal de Londres.
Origem e história
O Dia do Folclore, 22 de agosto, é celebrado não somente no Brasil, mas no mundo. Segundo o professor Chiquinho, é muito importante para a escola propiciar aos seus alunos, independentemente do segmento, o contato com esse acervo cultural. Ele defende que o estudante tem direito ao acesso ao conhecimento de sua cultura, origem e sua própria história como cidadão.
O professor Chiquinho comenta que os projetos educacionais precisam abranger ações que busquem o resgate da cultura de sua população e que existem diversas possibilidades de trabalhar o tema, explorando suas riquezas nos diferentes segmentos e faixa etárias. “Temos que valorizar a cultura popular como um bem”, alega.
A riqueza do folclore brasileiro contribui de forma positiva para o desenvolvimento do estudante, na formação literária e no desenvolvimento de habilidades e competências previstas na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), da “construção da identidade do estudante, habilitando-o a compreender a própria cultura e a de outros povos e incentivando-o a valorizar e a criar arte e cultura”.
Interesse menos constante
O professor Chiquinho lembrou que o Dia do Folclore brasileiro foi oficializado em 1965, mas, no decorrer das últimas décadas, o interesse pelo desenvolvimento de projetos sobre o tema tem sido cada vez menos constantes, principalmente nos grandes centros urbanos, onde é comum observar nos acervos das bibliotecas das escolas o número cada vez menor de livros que trazem o folclore.
“Acredito que para mudarmos tal realidade é necessário a conscientização dos educadores, famílias, enfim, toda a nossa sociedade, sobre a importância da valorização da nossa cultura “, afirma o professor Chiquinho. Ele comenta que não se pode valorizar o que não se conhece, porque o valor está intrinsecamente relacionado ao sentimento, nesse caso ao pertencimento.
“Um povo que se apropria de suas histórias é capaz reconhecer sua potência e assim, escrever de próprio punho sua história, todos os dias”, afirma a educomunicadora e mestre em Comunicação, Januária Cristina Alves, autora de mais de 50 livros infantojuvenis. Boa parte das lendas folclóricas no mundo foi criada em situações de pouco conhecimento científico, para explicar fenômenos naturais até então de origem desconhecida.
As gerações passadas tinham nas histórias e nos contos nas músicas e danças os valores culturais de seus antepassados, afirma o professor Chiquinho. Ele cita a definição de diversos pesquisadores ao justificarem o ensino e o estudo do folclore para “despertar na criança e na juventude o amor, interesse e curiosidade pela riqueza do seu país, estado e cidade.” O estudante brasileiro precisa desenvolver sua consciência crítica e, para isso, é fundamental que possa criar a sua própria identidade cultural, alega o professor Chiquinho.
Conteúdos
De acordo com o educador, o currículo da educação infantil está repleto de conteúdos lúdicos, jogos, brincadeiras, danças e cantigas. O resgate do folclore para esse público depende dos temas a serem desenvolvidos. Ao trabalhar o folclore nesses conteúdos, os estudantes estarão conectados com os costumes, com o passado e com a identidade do seu povo.
“A minha preocupação como educador e pesquisador é a utilização desenfreada de conteúdos vagos, pobres, superficiais, por grupos desatentos com o futuro das nossas crianças. A cultura popular tem como raiz o passar de conhecimentos de geração a geração, se ainda hoje discutimos a importância do folclore na educação é porque existem professores que lutam para que a cultura permaneça viva”, afirma o professor Chiquinho.